Maria da Penha

Maria da Penha

sábado, 7 de junho de 2025

Quando todas as metodologias falham: a perspectiva sistêmica da gestão educacional

Quando todas as metodologias falham na prática educacional, desde as tradicionais,  passando pelas ativas como aprendizagem baseada em projetos e sala de aula invertida, as colaborativas como aprendizagem cooperativa, as investigativas como pesquisa-ação, as criativas como design thinking, as tecnológicas como gamificação, as experienciais como cultura maker, até as flexíveis e socioemocionais como mindfulness, e os resultados continuam insatisfatórios, provavelmente enfrentamos um desafio que vai além das abordagens metodológicas.

Neste cenário, surge a necessidade de analisar a questão sob outra perspectiva: a cadeia de valor educacional e a gestão por processos. Enquanto cadeias de valor convencionais seguem uma lógica linear simples de fornecedores, processamento e produto, a educação apresenta uma complexidade única. Seus elementos de entrada incluem não apenas professores e recursos didáticos, mas principalmente os próprios alunos, que assumem um papel triplo: são aprendizes, matéria-prima do processo e co-criadores dos resultados.

O processo educacional se desenvolve em múltiplas dimensões interligadas: a física dos espaços de aprendizagem, a relacional das interações entre professores e alunos, a metodológica das abordagens pedagógicas e a sistêmica das políticas institucionais. Como resultado, temos pessoas transformadas, cujo desenvolvimento pleno só se revelará ao longo de suas trajetórias pessoais e profissionais.

Esta complexidade gera três desafios principais na gestão educacional. Primeiro, a fragmentação organizacional, com departamentos funcionais que operam isoladamente. Segundo, a desconexão entre planejamento estratégico e prática em sala de aula. Terceiro, a diluição de responsabilidades entre os diversos atores envolvidos.

A GESTÃO por PROCESSOS se apresenta como alternativa, propondo mapear integralmente o fluxo de valor educacional, integrar suas diferentes dimensões, estabelecer indicadores abrangentes de desempenho e implementar sistemas contínuos de feedback. Sua implementação exige transformações profundas: reestruturação organizacional para modelos matriciais, desenvolvimento de sistemas avaliativos integrados, criação de mecanismos participativos de governança e cultivo de uma mentalidade de melhoria contínua. Nesta perspectiva, todos os atores envolvidos, governo, instituições, professores, alunos e famílias, compreendem seu papel e responsabilização no processo e como suas ações impactam o resultado final.

O cerne da questão reside em compreender que quando todas as metodologias falham, o problema fundamental pode estar no ecossistema educacional como um todo, não nas técnicas específicas. A educação se revela como um sistema vivo e complexo, onde políticas, práticas e relações se entrelaçam de maneira indissociável, demandando uma abordagem igualmente integrada e sistêmica para sua efetiva transformação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreva o seu comentário aqui.