Maria da Penha

Maria da Penha

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Vida perfeita

Penso no passado e me lembro o quanto fui feliz,
Hoje, no presente, que no futuro será o passado, sou feliz
Logo, no futuro lembrarei do passado o quanto fui feliz
Portanto, o quanto eu viver, viverei sempre feliz
Esse é o estado da arte de viver.

Surto

A distância deixa o cérebro perdido
A imaginação vai fluindo
Criando situações como se fossem reais

É tão grande a dor que os olhos passam a ver
como imagens, os construtos místicos

A distância esquiva o golpe que amenizaria a dor
E o emblemático sentimento impõe mais sofrimento

Para arrebatar da alma tamanha figuração
Vende os objetos, queima as fotografias

Vê-se sem saída, sem solução
Faz o jogo da sedução

Desvairado e perdido, manipula  almas carentes
Supondo ferir outro coração

Toda força externa desobriga da propícia razão
Perde totalmente a vida

Do desequilíbrio aparecem as dores nas articulações
Queima em febre, fica acamado na escuridão

Nessa disfunção, cai no próprio engodo
Fisgado, ferido, é fera enlouquecida

Surta, urra na escrita, afronta
Injeta como escorpião, o veneno maldito na vítima

Passa a viver de antidepressivos, paliativos dos sintomas
Pelo sexo, droga e boêmia
Decadência do status quo consoante fantasia.

terça-feira, 7 de abril de 2015

A mentira da Marília

Como foi capaz Marília de me enganar desse jeito?
Estamos um pouco distantes bem sabe mas, vem pedindo a minha ajuda
Corro atrás que nem louca
De repente, vejo a sua foto postada e observo, encontra-se noutro país
Curti, me senti feliz, desencanei da preocupação
Recebi o telefonema do estágio que pra você eu consegui e, somente agradeci
O Pedro, lembra dele, aquele que você queria conquistar
falei pra ele da sua condição, então, ficou com a Márcia
Que te aconteceu Marília?
Agora descobri
Postou uma foto antiga sem data-la
confundindo toda gente, sem sair do seu lugar
Os amigos ironizaram, a sua timeline virou bagaço
Marília, não sei o que dizer, perdeu a compostura e
todas as oportunidades de encontrar a felicidade
com a sua brincadeira infeliz.

Partir

Quando parto para uma longa viagem
Não reparo mais nas estradas, às belezas dos campos
que ao lado correm e se distanciam
Nem presto atenção nas conversas durante o trajeto
não me lembrarei  das palavras ditas
Quando parto
Parto consciente como quem sabe ir
Não importando lembranças e histórias dos anos vividos
Muito menos os beijos e fotografias da despedida
Não olho para trás quando me encontro  no corredor de embarque
Tudo se torna passado no presente da partida
Eu que parto, vou, não fico
Quando parto
Poderá ser para voltar, o que seria uma nova partida
Se volto, sei, não vou encontrar o mesmo lugar
do dia da partida
Eu, que parto
Sei ir e sei voltar
É me conhecer e reconhecer
As mudanças que acontecem depois da partida
É o novo em causa
As diferenças nas estradas, os campos passaram a ter casas
Os amigos não mais encontrarei
Os seus corpos e faces se transformaram
Suas filosofias de vida estão apoiadas em novas bases
Eu, que sempre parto
Parto com sabedoria, sabendo que nunca voltarei ao passado
Portanto, nunca olharei para trás na partida
Partir é reconhecer a eterna despedida.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Ilusão da beleza

Teus olhos claros
irradiam o brilho da tanzanita
de enlouquecedora beleza
enquanto, mantem-se vestida
enrolada no tecido negro
nessa burca bendita
acolhedora dos defeitos.
És mais feia que uma nuvem carregada
na maturidade à trovoada.
Essa sua crença deve ser mantida
num  mando que a proteja
capaz de submeter ao desejo
quem gosta do seu azul cortejo
ludibriado em segredo.