Maria da Penha

Maria da Penha

domingo, 28 de dezembro de 2014

Chuva

Chove lá fora, é primavera
E quanto as chuvas de verão?
Os desavisados que não souberam ouvir
O canto breve dos silenciosos sábios
Vestirão a velha toga fria, minha...
A mesma que, há tempos abriga, essa nação
Por contarem com a magia da mudança
Que é a cruel leitura da ignorância.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Frase

Tenha muito cuidado com as perguntas que me fará, elas irão me aclarar o quando você é uma pessoa fiável. Tenha também, muito cuidado em me criticar ou elogiar, a crítica é o seu defeito que aflora, o elogio, o controle à sua insegurança.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O sítio

Lá pela Estrada das Cerâmicas eu passei
A rua é asfaltada e sem acostamento
As casas antigas e terrenos vazios
Posso dizer que é bem bucólico
Será que se pode ouvir rock'n'roll alto
para quebrar um pouco a monotonia?
Se sim, posso abrir exceção
mesmo sendo citadina
Farei artesanatos num dos assoalhados
Noutro um escritório para leituras e escritas
No terceiro uma cama pro cansaço
Na primavera hortas e canteiros de flores
No inverno, bons aquecedores
E viverei uma vida pacata.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Para mim

Para mim:
Todo Cláudio tem que ser Antônio
Grande poeta anônimo.
Todo Zé um novo horizonte
Água que brota da fonte.
Toda Eliza rainha Beth
Perturbou é pivete.
Toda espiritualidade, Margarete
Vida dura, interprete.
Todo Xande um grande achado
Amor espelhado.
Toda Iza  tem que ter ira
Na pele das crias, casimira.
Todo Luiz, Luizinho
Deus quem leva pra outro ninho.
Toda Maria uma filosofia
Refutem a poesia.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Supérfluo Zangão

Meio estabanado
Não muito robusto
voando atrapalhado,
Belo, estressado
Tenta um alto voo
Tem feromônio em todo lado.
Sua função em vida
Nada de labuta
Somente uma cópula nupcial
Morrendo num único gozo
Sentimento baixo astral.
A espermateca da Rainha
Ele não conseguiu preenchê-la
Morreu antes de satisfazê-la.
Elegante e garbosa
Sai num voo complementar
Para ter, não com o mais forte
Mas com o mais rápido e adaptável
E novamente copular.
Hermafrodita  Rainha
Bajulada, vivendo da geleia real
Desenvolve suas crias
Totalmente independente
Num ambiente doce astral.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Frase

Já deixei bons livros para trás e os perdi, já deixei pessoas que amei para trás e também as perdi, mas o que mais me dói foi o de ter perdido os livros, eles não mudam de opinião sobre mim.

Moço - Velho ... Velho - Moço

Ficava extasiada
quando observava o seu sorriso cândido
As sandices engraçadas me comoviam
Da pureza do passado
à presente desesperança.
Vejo com tristeza a sua luta
Querendo agregar no velho o que era no moço.
Aquilo que cobiçava no passado
Conquistava com seus modos insanos
Hoje torna-se indesejável
Quando deseja ser moço
Num corpo velho não almejado.
Meu velho, deixa as parvoíces no passado
Se tivesse semeado bons grãos quando moço
Hoje, não estaria sofrendo em seu murcho corpo
A alma te faria moço.

Naipe

Não fuja, não fique desesperado
sou bem grandinha, madurinha
estudei durante anos
o seu presente, passado
a sua casta, portanto
conheço seu desejo à intimidade
Só não aceito suas fanfarras
quando agrega as sarnas
na mesma esfera
da mãe que está na sala
e outras I-Lentes familiares,
podem ficar doentes
ou são todos da mesma laia?
É mistura de muita gente
muita saia, pouco garbo
totalmente demente
fadado a morrer em meio
ao triste fado.

O pequeno falo

Já vi coisas minúsculas
No microscópio olhei
Mas, tão minúscula assim
jamais compreenderei.
No verão era mais fácil
ficava mais elástico.
Mas, no inverno, que decepção!
encolhia-se para dentro do saco.
Parecia mais um chapeuzinho pisado
de um pequenino bonequinho de plástico.
A cabecinha de um passarinho recém-chegado
virava gigante perto do falo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Saudade

Eu resolvi te matar
Matar e deixar bem mortinha
Vinha devagarzinho te detendo
Fazendo isso quietinha

A saudade era intensa
Dolorida, imensa
Sou incapaz de mensurar
Pra matar, só pela morte lenta

Agora te matei
As lembranças são vãs
Só amanhã de enterrarei
Para além do divã

Vou primeiro te velar
Enquanto posso lastimar
Que saudade! Da saudade
que não tenho pra divagar.


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Peso morto

Pasto sem gado
Tesouro sem ouro
Vida Severina
Nem tudo é rima.

Beleza sem nobreza
Destreza na tristeza
Palavra sem certeza
Completa pequeneza.

Criado nem sempre é mudo
Guarda-sol que guarda a chuva
Molha mas não inunda
Não tem lógica, barafunda.

Pobreza eterna
Olhos profundos
Observação deletéria
Sentimento imundo.

Ave que não voa
Cigarro apagado
Bebida sem álcool
Superficialidade no palco.

Grito rouco
Pele e osso
Noite esquecida
Regateando a vida.

Janela

Ei tu... que fica aí me observando
da janela à minha janela
Dá pra dizer o que está achando
do quê observas?
Fica o dia inteiro aí prostrado
me vendo, me lendo...
Colocou insulfilme nos vidros
como senha?
Não funciona,
tem baixa qualidade criptográfica
Estou te vendo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Eu magia

Eu sou a que existo
Da maneira que bem quero
Vendo um mundo colorido
Bem sincero

Eu sou a que de olhos fechados
Vejo as cores do universo
Somente e somente se
Para rimar o verso

Eu sou a que imagina
Que o inimigo possa ser honroso
É o meu desejo de cair na cilada
Só para concluir o quanto ele é horroroso

Eu sou a que bem sei
Quando alguém  com o punhal se aproxima
É melhor nem tentar o golpe
Tenho saída exímia

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Tipo de gente

Tipo de gente! Já disse o meu tio
Gente bruta, gente frouxa
Gente que nem é gente
Gente que necessita de toda gente
Gente estúpida, escrota
Tem cada tipo de gente
Que nem merece ser gente.
Gente magra, gente gorda
Gente demente, que mente
Gente feia com feia gente
Tem cada tipo de gente!
Estranhamente gente
Não merece ser gente.
Gente falida, roída
Tem cada tipo de gente!
Gente ignóbil, carcomida
Ignorante, ressentida
Escondida
Tem cada tipo de gente!
Gente psicopata a matar gente
Gente falsa quase morta
pobre de mente
Gente asquerosa que ignora toda gente
Gente que ri e por dentro chora
deprimida com soberba
Entristecidamente
Tem cada tipo de gente!
Gente necessitada mas orgulhosa
Sanguessuga invejosa
Gente que da aparência vive
Totalmente deprimente
Gente rica, vadia, drogada
Gente artificial, desconexa
Deseducada que se acha gente.
Tem cada tipo de gente!...

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Mais no menos

Como eu gostaria de pensar menos
Imaginar, sonhar e acreditar menos
Ser menos humana e mais racional
Principalmente no perdão, menos
Gostaria de ser como as pessoas me imaginam
Menos...
Mas estou aqui novamente
A pensar, imaginar, sonhar, acreditar e perdoar
Mais e mais...
Nunca vou aprender e ser menos
Continuarei a sofrer
Eternamente, mais.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Perdido

O que perdi, perdido está
não farei nenhum esforço para encontrar.
Quem achar que faça bom uso
mas aviso...
em perfeito estado não está.
Foram anos e anos de uso
se moldou a minha forma
harmonizou aos meus atributos
vai ser chato consertar.
Se for de alguma utilidade
por nunca ter possuído
o achado que foi perdido
empenha-se e verá.
Seja preciso, habilidoso
tente reformar.
Depois, alucine na dialética
do meu capitalismo tosco
a Mais-Valia do seu esforço.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O nada

Se acha que lhe devo algum dinheiro,
envia a cobrança que eu pago.
Se me disser que lhe devo a sua vida
peço que coloque o seu preço.
Se me falar que a sua vida não tem preço e sim valor,
Sinto muitíssimo,
não haverá resgate.

Covarde demência

Tenho a sua imagem gravada
bem aqui em minhas retinas
imagens belas e horrendas
imagens em que você se encontra amordaçado
reprimido de exprimir sua opinião
consentindo que façam de você marionete e
entende como virtude, a demência frustrante de outrem sobre si
sem força moral, sem personalidade ou senso de justiça.
Agindo em bando, sabe que sua atitude não vai ser repreendida.
Não se defende, manipulado pela sua covardia.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Mudez

Telefonas-me somente para ouvir a minha voz?
Um alô, um olá de uma voz rouca
Isso te satisfaz?
Ou estás a querer saber por onde ando
A me vigiar
Não te preocupes
Não irei a nenhum lugar.
Meu mundo é pequeno
Viajo muito na imaginação
Sou mais pensamento
Pouca ação.
Não deves me cobiçar
Pensamento é veneno
E pode te intoxicar.

Embaixo do Equador

No Brasil é assim
Três meses de bom tempo
Nove meses de inferno
Porém, colonizadores aqui chegaram
Inteligentes como eram
Ao invés de tirarem os agasalhos
Vestiram os Tupiniquins
Fomos ul-trajados a rigor
Brasileiro que se preze
Não camufla a sua beleza
Mantém a sua frescura e pureza
Embaixo, nesse hemisfério
é povo que anda nu.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Reflexo

Como posso deixar de te amar
Se tens olhos somente para mim?
Chego perto de ti e sorrio
Tu sorris.
Faço caras e bocas
Todos os tipos de trejeitos
Alegrias, tristezas
Mostro-te as minhas rugas
e incertezas
E tu, imitas-me.
Dou-te as costas
Vou-me embora
Tu, nem tá aí.
Como posso deixar de te amar?
Se volto mais velha e sorrio
Tu sorris.


Primeiro passo

A vida é feita de escolhas
Qual caminho seguir?
Dei o primeiro passo
no descompasso
Os anjos se encontravam
noutro espaço.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tristeza

Hoje estou triste
Não me envergonho em expor a minha tristeza
É certo que estou a invejar dos outros
Seus prazeres fingidos
A invejar toda gente sem essência
Demonstrando cinicamente suas alegrias.
Sempre aspirei esse modo de bem viver
Simular sorrisos e expressões agradáveis
Mostrar-me em fotos alegres de ações passadas
No mar, no campo, na capela ou em Marte...
Mas, para que lograr a personalidade
Enganando a realidade?
Quem sabe, seja essa a minha tristeza
Não saber viver de passados ritos de passagem.


domingo, 2 de novembro de 2014

Asas

Com as asas rasgo os ares
Pouso em fios, edifícios e observo mares
Se tenho asas é para alçar os ares
Ver de cima, tudo lindo.
Desço para ver de perto
vejo uma malha em confusão
de pequenez imaginação.
Rios poluídos que descem pela encosta
numa humilhação que desconforta
num chão revestido de alcatrão.
Nunca me disseram que lá embaixo
era pura podridão.
Por que me deram asas
se em troca só tenho decepção...
Ver o vexame posto
não é de bom gosto.
Asas, para quê?
Para assumir o meu destino
de enorme envergadura.
Vingar as desesperanças,
depois de desiludida e humilhada,
abraçar os que de olhos tristes me fitam
e se voltam acanhados, vencidos,
por acharem que em tudo aquilo
existia alguma graça.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Onagro

Menino malandro
Tentei de todo jeito
Mudar os teus trejeitos
Até com castigos e cinto na mão.
A vida airada é a quê contemplas
Banhar-se no lago profundo, imundo
Recrear-se com as facilidades
Nos lugares em que os humanoides se ostentam.
Menino, agora de malandro a malvado
Cria tramas e conspiras
Vestes o lodo, vê-se em brilho
Olha e sorri com um sorriso calhado.
Menino vadio, teimoso
Não fizestes a lição da maneira correta
Em tuas cabalas um monstro emerge
Afia a faca, descasca batatas
Num porão cheio de baratas.
Como te sentes, probo?
Estás alucinado...
Marcando-se com ferro em fogo
Feito um jumento.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ressurgir das trevas


Sou uma semente
Semente delicada e de boa têmpera
Capaz de brotar das entranhas
do solo mais rude
Terreno já tomado pelos fetos
tapetes verdejantes das florestas
E entre as ervas daninhas
Ressurgirei lentamente da terra
Desabrocharei cálida e tenra
Florirei colorindo a selva
Divina como são as cores
das flores da camélia.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Um novo amor

Ah!... poeta, que vive um novo amor
Existiu amor no passado? não interessa
Só se vive poeta, assim...
Com o novo amor.

E começa tudo do zero
Com esmero
Sem certeza de nada
Somente olhos e juízo para o novo amor.

Ah!... poeta, e agora?
Sem a saudade, sem as memórias
Como ficarão as folhas... brancas?
Não poeta, serão as novas histórias.

A voz ao telefone é a mais doce
As mensagens as mais suaves
Tudo é curiosidade, novidade, aventura
Para os poemas de amor.

Ah!... poeta, estás delirante
Tudo mais aprazível, verdejante
Vai durar por um tempo
E surgirão somente, poemas de amor.

Delicia-se poeta desses momentos
E quando tudo acabar
Volte ao seu jeito indomável
De escrever o dissabor.


domingo, 26 de outubro de 2014

"Democracia do voto" 26/10/2014

Hoje estou muito "Feliz"
Obrigatoriamente estive presente
Vi-me junto a um alçapão inteligente
E quatro opções compulsórias eu tinha em minha frente
Branco, nulo, 13 ou 45
-  "Oportunizando a minha escolha"
-  "Respeitando ao meu direito civil e individual"
Diante de um sistema de governo do inferno!
(demo=satã; cracia=governo)
Mulher "fiel à democracia"
Inevitável para manter a cidadania.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Como te vejo

Vejo-te o mesmo
Não mudou em nada
O mesmo físico com e sem falhas,
Com igual comportamento e atitude
Julgando a todos como canalhas.
Enxergo-te o mesmo
Um santo quando abandona
O endiabrado quando abandonado
E quando tudo vem à tona
Só comprova mais e mais a sua trairagem.
Afastei-me de ti
Olho-te, és igual
Nada surpreendente
Exatamente o que eu esperava.
Trolou-me com os mais "belos" adjetivos
Puta foi o mais suave.
Vejo-te o mesmo
You're just one drunk
Online wine merchant.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Desvio

Não posso voltar para os seus braços
Não conseguiria sentir os seus abraços
A minha sensação não permitiria.

Para cada afago seu, logo me lembraria
A contar nos dedos que me faltariam
Todas as outras acoitadas nos seus braços.

Não, eu iria somente banalizar o que fora um dia
Seria estupidez acreditar no seu embuste hábil
Deixaria a verdade falsear suas ideias maquinadas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Assalto ao coração

Bateram em minha porta
Eu a abri com um sorriso
E para a minha surpresa
Era um assalto.
Fiquei estarrecida
Numa mistura de êxtase e medo
Mas, durante aqueles momentos
Tentei fazer todas as leituras possíveis.
Mas, quando a porta se fechou
Notei que o meu estômago não mais aceitava a comida
Os meus pulmões já não queriam respirar
O meu coração sangrava.
As minhas pernas paralisavam
Os meus dedos começaram a esfriar.
Mas, na fuga do sentimento a razão sobressaiu
Pensei então…
Cometi um grande erro
Abri a porta desprevenida
Deixei entrar com um sorriso
Quem me era desconhecido.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Pessoa

Muito sutil foi Álvaro Campos
No Poema em Linha Reta
Peço desculpas ao honrado poeta
Pelo seu canto enigmático e cheio de destreza.
Caro poeta...
Todos os seres levam porrada e são traídos
Dói o bastante, portanto, escusa serem declarados,
Não necessitavam ser a mim, elucidados
No seus atos violentos de sensações subjetivas,
seu prazer, ódio, raiva, rancor, ressentimento, mágoa, revolta, tristeza, angústia, dor, solidão e alegria...
Prezado poeta...
Como poderia conquistá-lo?
Seria afiançando a minha baixeza?
Não poeta...
Não foi por esse motivo que esteve por tanto tempo ao meu lado.
A semideusa foi o seu encanto.
Essa geminiana que em cada ombro
Carrega de um lado um deus e do outro
O diabo.
Poeta...
Reconhecer as falácias é por vezes difícil,
O seu sofisma foi o de estar calado.
E qual foi o seu desencanto?
Saber dos meus pecados, escondendo os seus enganos
Sim, pois foi o que procurou
Por não entender o quanto foi amado.
Meu digníssimo poeta...
Não foi capaz de escutar e entender a voz humana
A bipolaridade geminiana.
Sim, poeta...
Somos todos, todos
Infâmia, covardia, porcos, submissos, grotescos, arrogantes
Ridículos e, portanto, enxovalhados
Somos príncipes e princesas...
Portanto, poeta
Tornamo-nos literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Louca

Encontro-me em meio a rua, no carro
Olho a face das pessoas que estão a ir e vir
Toda gente tão linda!
Estão sérias, concentradas e conectadas
Elas não observam nada
São automatizadas
Não tropeçam nas calçadas
Desviam dos obstáculos intuitivamente
Será que sabem para aonde estão a ir?
O que faço eu aqui parada?
Observo a todos sem fazer nada
Não existe um lugar a que devo seguir
Levo um susto e fico desconcertada
Que visão desgraçada
No para-brisas do meu carro uma face esquisita
Direcionada para mim
Um nariz achatado, uma boca com sorriso que não ri
Olhos abertos esbugalhados
O corpo mole estirado no capô
Tanto sangue num dia ensolarado
Ele atropelou o meu carro,
Idiota, amassou a lataria
Atrasa-me o nada
Fico irada, saia daí
Morto, estúpido, atrapalhado
Fique ao menos no asfalto
Deixa-me seguir
Se bem me lembro, tenho casa
Sei, fica bem ali
Chego, entro ofegante, suada
Tem a cama que não tem nada
Escoro o meu corpo na parede gelada
Tenho uma sensação deliciosa da brisa
Que entra pela fresta estreita da janela
Solto um grito , me contorço, tenho gozo
Sinto o silêncio, o mesmo do morto e, saio
Caminho até a praia
Observo os coqueiros a bailar ao vento
As ondas a sumirem nas areias
Tudo tão lindo
Acendo mais um cigarro e trago
Estou vendo tudo
Mas não sinto nada
Tusso e tusso
São fantásticos os delírios
Tenho presságios
Provoco em meu corpo espasmos e gemidos
Estou viva? Não sei se vivo
Enfureço, vagueio, caio em alucinação
Penso em bálsamos, unguentos
Não sei se quero um alívio
Será que vivo pelo desejo
Da agonia, do suplício, do flagelo?
Chega a noite, corro de encontro ao vazio
Existe uma mistura de sentimento
Estou exausta, sem arrependimento
Tenho pouca consciência
Quais foram mesmo os acontecimentos?

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Frase

Sempre que toco com a ponta do dedo indicador na água uma gota se prende. Fixo os olhos e vejo, a minha vida a passar dentro dela.

Retrocesso

Relembro
Recapitulo
Resmungo
Retenho

Recomeço
Retorno
Regenero
Renego

Reconstituo
Reviso
Repito
Recuo

Rebroto
Remonto
Reanimo
Rememoro

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Cabeça de dinossauro

É demasiado suspeito quem apregoa a ética
Determinando princípios  e condutas
De como o outro deve ser e agir
Como se fosse o douto da moral.
É censurável qualquer indivíduo demasiado versado
Ajuizador de tantos atributos.
Pessoa hábil, experiente
Embebido no que é certo e errado.
Sua práxis é colocar à prova
A intolerância de não se fazer cumprir
A própria hombridade,
Provando a conta gotas sua extinção
Por possuir cabeça de dinossauro.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Meu tipo de homem

O homem que admiro
É o que possui a idade próxima a minha
Nem muito mais velho
Nem muito mais moço.

Não me importo com a etnia
Nem se mais magro ou gordo
Mas tem que ter pegada
E sorriso maroto.

Os de bigode
Não veem que não tem
Nem os percebo
De tanto nojo.

Não me atento das posses
Pode ser rico ou pobre
Que seja divertido
E cheiroso.

Toda a elegância é bem-vinda
Mas poderá passar despercebida
Se tiver malícia no diálogo
Que fale de tudo um pouco.

Gosto que seja criança
As vezes meio malandro
Mas que seja de confiança
Nunca vítima e nem queria aliança.

Não precisa ser perfeito
Mas que tenha trejeitos
Com toques caprichados
De dar gozo.

Pode até ser ligeiramente ciumento
Mas se for grudento
Esses
Eu não aguento.

Guerra

Quem é você, quem?
Quem lhe deu o meu endereço para me escrever?
Quem é você, quem?
Como sabe da minha vida?
Quem foi que lhe contou?
Quem é você, não lhe conheço
Nem sei porque do desfecho
Como escrita da VERDADE.
Que verdade?
Como entrei em sua vida
Se dela nunca fiz parte.
Não necessito que faça a minha defesa
Não sabe quem sou...
O que sabe de mim vem do protagonista das mazelas
Que lhe transformou em coadjuvante do chacal.
Quem é você, quem?
Quem lhe disse que eu queria saber da sua vida?
Ah! Já estou tendo premonição.
Você achou que iria se dar bem
Acreditou num Zé ninguém.
Mas, todo Zé tem uma história
Que é dessa série temporal que se tira
Decisões de vida.
Você abdicou da informação.
Nas informações assimétricas
Perde-se sempre a negociação.
E eu aqui com todas elas
Nem sequer se deu por elas
Perdendo o controle da situação.
Ah! Meu bem...
Você não sabia, que todo Zé insatisfeito
Com o coração desfeito
Tem como único desejo
Arrebentar o coração de qualquer peito...
Deveria ter falado com o outro lado
Para conhecer qual a razão.
Quem é você? Não lhe conheço
Mas, mesmo assim, vou desfazer o desfecho.
Meu bem...
Zé e eu estamos numa infindável guerra fria.
Zé depauperado começou a sua estratégia
E tudo que entra no contexto dessa guerra
É o arsenal bélico para matar o sofrimento do coração.
É vingança destemida
Para atingir o inimigo que não está a ver.
Meu bem, quem é você?
Nem o Zé sabe ao certo,
E você entrou num enredo que não conhecia,
E não é pela ignorância que a Lei isenta.
Quem é você, quem?
Zé e eu sabemos quem somos
No amor e no ódio viajamos
Estudamos as melhores estratégias
Pisoteamos qualquer jardim
Não importa quem é o dono.
E todos caem na mesma cilada
Com o Zé me protestando.
Quem é você?
Apenas uma peça do jogo
Que o Zé utilizou
Para tentar ganhar uma batalha
E o Zé se afundou.
No momento demos uma trégua
Mas é guerra infinda,
Usamos armamentos pesados
Saiam da frente civis e inocentes
Que a batalha continua.
Cultuamos a moral, costumes
Crenças e valores diferenciados
Que jamais serão análogos.
Quem é você, quem?
Quem se alistou para ir à guerra
Sem antes saber os objetivos
A que iria conjuminar.
Quem é você?
Apenas um soldado fraco
Aliado ao Zé que o colocou na frente de batalha
Não suportou
E desertou, passando para o outro lado.
Meu bem...
Na guerra somos dissimulados
Não gostamos de quem deserta
Só tiramos informações do adversário.
Suma, eliminamos sempre um péssimo soldado.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Eu

Sabe quando me conheceu?
Eu era assim, corpo e alma
Hoje sou mais alma e menos corpo
O corpo vai se desfazendo
A alma
Crescendo.
Você me vê diferente?
Continuo análoga
Enxergo-me aquela pessoa
Desbirolada.
Acha que mudei?
Eu não me vejo mudada
O tempo é que foi complacente comigo
E me ensinou a discernir
Coisas boas das que não valem
Nada.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Vanglória

A vaidade  é pura soberba
Quando para outros olhos é impelida
Não existirá clemência
Para tamanha arrogância destemida.
A que destino levará tamanha ostentação?
Aos desejos e não para as necessidades
Ao submundo negando a autenticidade
Sem critérios profundos
Perdendo a liberdade.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Valores

Algum motivo tens para chorares filho?
Sim mãe, matei o meu passarinho.
Mataste- o tu, covardemente
Por teres mirado o teu estilingue a ele.
Não mãe, não mirei no meu pequeno passarinho
O meu ponto de mira era o Pedrinho
Que se diz meu amigo
Mas roubou o meu passarinho.


Guerrilha da vida

Ei! menino...
Você está aí carcomido?
Está precisado de uma semideusa?
Por afugentar seus pensamentos
Necessita de um Deus para a sua semiologia?
Por que?
Desapegou o seu olhar aflito das estrelas...
Desdenhou da única possível certeza...
Amesquinhou a lógica  da natureza...
Abominou o coquetel molotov que criou...
Ei! menino...
Tem de dar conta da rosa
E não esquecer dos espinhos.
O vergel é lindo mas têm daninhas
Pisoteie somente o que for preciso
Mesmo sendo no pomar do agreste
A escolha não pode ser antagônica.
A bomba cai e, muitas vezes acerta o alvo
Nenhum  movimento é sempre preciso
Mas não subestime os  pressupostos
Que pode ser o míssil direcionado
Ao não contestável.
Ei! menino...
Acertaram precisamente no seu coração?
E nem se importaram?
Sentiu o sangue na garganta?
E você não morreu?
Então, porque não levanta?
Sabe menino...
Não se ergue por não saber que foi atingido
A arma está em sua mão.
Não treinou o suficiente
Seu aprendizado foi apenas disfarçado
A sua escolha é ficar amotinado
Protegendo os que estão em seu patamar ideologizado.
Ei! menino...
Engole esse sangue amargo
Ajude a alguém a carregar as pesadas armas
Mostre o seu ânimo mais aguerrido
Ao menos assim, poderá não ser um alvo surpreendido.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Estado da arte da liberdade

É no isolamento que encontro-me em liberdade
Sem obrigatoriedade
Sem necessidade de amor
De dinheiro
Isenta de curiosidade.

O meu estágio de eremita é  o mais aprazível
Liberta-me das penúrias das associações
Desobriga-me do servilismo
Afasto-me das tragédias gregárias
Abasto-me da minha própria nobreza.

No afastamento, no retiro, na solidão,
Encontro-me no meu mais alto voo
E em nada me incomoda os olhos alheios
Que observam a minha ocultação no universo
Pois tenho, o privilégio de pertencer a mim mesma.

As coisas insuportáveis para mim são:

·         Participar de reuniões sem objetivo e intermináveis;
·         Assistir palestras sem abertura para questionamentos e debates;
·         Entrar no quintal de parente ou amigo e me deparar com o cachorro solto e, ainda ter de ouvir a célebre frase - "não tenha medo, ele não morde";
·         Observar pessoas que riem de algo que não tem graça só para ficarem bem no contexto;
·         Conversar com alguém que, para ser feliz, depende somente das minhas ideias e ações;
·         Ter por perto gente que conhece o meu caráter e só se liga nos meus erros;
·         Aceitar pessoas incrédulas diante das minhas verdades e das verdades absolutas;
·         Ouvir de alguém que erra, falar que errou, por minha culpa;
·         Engolir elogios duvidosos;
·         Fitar nos olhos de quem fala e este disfarçar o olhar;
·         Ser acusada constantemente de uma atitude não crassa, mas infeliz, que cometi no passado;
·         Torna-me para alguém que se dizia amiga, a pior pessoa do mundo, quanto não fingi civilidade;
·         Receber telefonemas de quem não tem nada para fazer e, ter de escutar assuntos recursivos e infindáveis;
·         Telefonar para essa mesma pessoa que só pode me atender quando está atoa ou sem companhia;
·         Ter o amor de uma pessoa desde que eu seja quem ela imagina e não quem sou;
·         Aceitar viver a vida dos outros e não poder ser eu mesma.

domingo, 10 de agosto de 2014

À filha

Sabemos filha, que não nos pertence
Unimo-nos por laço e por nó
O nó é o amor que lhe facultamos naturalmente
O laço permite o desate de sua alma impenetrável
Dos seus pensamentos e sonhos
Que ao se realizarem, farão parte do todo
Na formação singular de sua personalidade.
Nós somos os arqueiros, você a flecha
Nós a direcionamos para o alvo que achamos mais propício
Mas, você é quem conduzirá a trajetória à vida.
Nesse curto caminho que viveu
Mostrou-nos que adquiriu sabedoria
E criou para si valores merecedores de estima
Dos quais nos orgulhamos imensamente
E só temos de agradecê-la, filha.

Amamos você.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Vida otimizada

Nunca me arrependo do que decido
Mesmo que impreciso, inexato
O meu ótimo é ajustado
No melhor que faço.

Repugno a letargia
Não basta uma concepção
É escolha num conjunto determinado
De elementos possibilitados à apreciação.

É uma exploração contínua
Num espaço assegurado
Arrefecimento simulado
Em minha assídua busca tabu.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O preço da minha ausência

Quanto vale a minha ausência?
Vale muito com certeza
Vale conluios inquestionáveis
Dos disco voadores a espreita.

Quanto vale a minha ausência?
Vale aos óvnis adiáfanos
Que por entre nuvens escuras
Expõem  translúcidos a imprudência.

Quanto vale a minha ausência?
Vale a minha sabedoria no anonimato
De  atos e fatos que ressurgem encolerizados
E mitigam a minha dor.

Quanto vale a minha ausência?
Vale saber tão naturalmente
O que floresce da demência,
Entre as estrelas mais brilhantes
Estão os ufos ainda mais reluzentes.

Sofisma

Ser recebido no calor de um abraço
Grudento como velcro
E ser capaz de fazer self-portrait
Tanto repudiado
É ter a certeza plena
Da felicidade mais obcena
De embriagar sentimentos passados
Que não saem mais de dentro
Do coração que um dia fora
Totalmente dilacerado.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Pedra profana


Fiz-me a água doce
Fiz-me a brisa mais suave
Fiz-me a temperatura mais amena
Fiz-me a pessoa mais serena
e de nada adiantou.
Hoje sou pedra
Sou muro, onde habitam lamúrias
Das gentes que não aproveitaram da brandura
Que tanto ofertei.
Hoje sou pedra antiga, muda e cega
Onde muita gente se debruça
Cada um com a sua inútil razão.
Ouço o que gritam em silêncio
Vindo de corações ocos
Capazes de cair no buraco negro
Do universo em constante mutação.
Mas sou muralha consistente
E agora só guardo
No meu silêncio profundo
Os sentimentos imundos do mundo.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Rugas

Essas linhas que aparecem no rosto e em todo o corpo,
Chegam para todas as etnias e classes sociais e,
Têm o nome de rugas.

E não são rugas de chorar, de sentir e sorrir
São da idade, do tempo que passou e não volta
Então, para que mentir?

Se não sentiu, não chorou e não sorriu
Elas iriam estar aí, do mesmo jeito
Com ou sem esmeros.

Pra que mentir?
Dizer que veem junto a experiência
Fazendo história e blá, blá, blá!

Pra que olhar-se tão vulgarmente,
E desculpar-se das próprias rugas
Provando da baixa autoestima.

Se tens a preocupação de justificar as rugas
Através dos ritos de passagem que envenenou o corpo
Conta outra! É resto, é o espírito que já está morto.


Represália

Eximir-se da atenção em momento delicado
Da hipocrisia e dissimulação de alguns
Quando a alma lastima por medo
E saber-se tolerante racional.

Os agastados necrófagos se alimentam
Deste equilíbrio frágil que em alguém se apresenta
Para mostrar-se viripotente
Sobre esperanças já pouco alicerças.

Grandes heróis valentes
Invocam a morte de um ente
“Que morra bem distante”
Para que não sintam o mau odor.

Censor

Pergunta sobre mim
Respondo a sua pergunta
Você matuta, reflete
E diz que é mentira.

Você novamente pergunta
Eu respondo
Você especula, pensa
E diz que é mentira.

E aí vai, e pergunta, pergunta
Eu respondo e respondo
Você cisma, pondera
E não acredita.

E você volta a me perguntar
Eu reconsidero, reflexiono
Respondo filosofando
E não sou compreendida.

Você pergunta mais uma vez
Eu sinto que está a julgar
Refuto a indagação
Silencio.

E você pergunta sobre o meu silêncio
Sinto que é para auferir vantagem
Da sua mais nobre arte
Que é a de censurar.

O silêncio e a minha mais aristocrática retribuição
Assim você elucubra a mentira já posta
Em qualquer das respostas
Que irá me sentenciar.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

sábado, 5 de abril de 2014

Erros

Nunca me importei com os teus erros,
Eles são vãos;
Como poderia julgá-los
- Perante os meus?
Que tão vastos são...

Desequilibrado

O desequilibrado me incomoda
A bebedeira lhe entorta
E vem achincalhando a todo vapor.
São palavras sem jeito
Menos que verme é o que sou.
Não digo as outras coisas
Serei passível de cobrança
São palavras causadoras de revolta,
E seriam censuradas.
Pergunto, porque me incomoda?
Somente em suas horas tortas
É que sou lembrada?
Depois dizes que esquece
A tortura que praticou.
Se não mensuras o estardalhaço
Como desejas que eu não o sinta?
O estresse que me causa
Não é possível eximir-te da culpa
Do tormento e ofensa que causou.
O que dizes deixam marcas profundas.
Ao desequilíbrio estamos fadados
para nossa autocrítica, engolido os sentimentos.
Mas, a droga relaxa o cérebro consciente,
E o subconsciente se apresenta
E diz o que realmente sente.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Desengano

Existem em diálogos frases estreitas
- Confia em mim – é uma delas
Pesa demais escutá-la.
É perfeccionismo exacerbado
Idolatrando-se altruísta,
Causa de referência execrável.
No máximo, o aceitável,
Seria alguém que pudesse “acreditar”...
Afugentando um pouco o egoísmo.
Abstrair-se dessa persuasão
É eleger-se convicto,
É não deixar-se iludir
Através do mecanismo doloso
Do anti-herói à conquista do apogeu.

segunda-feira, 24 de março de 2014

segunda-feira, 17 de março de 2014

Último dos Neandertais

A qual tribo você pertence?
Deve existir alguma a que pertence...
Mas não consigo decifrar qual...
Não possui habilidade alguma
Não caça, não pesca
Não tem jeito, as mãos não fazem nada
O cérebro não cria
Não tem religião e nenhuma crença
Não entende de política
Não trabalha não se esforça
Não estuda nem pensa
Mas, deve existir uma tribo a que pertence...
Qual?
A tribo da ilusão?
Da satisfação sem esforço?
Da opinião sem o fato?
Sem fato não existe conceito...
A tribo dos necessitados?
Dos vampiros?
Dos pés descalços?
Dos afogados em mágoas?
Dos que vivem somente de solicitude?
A qual tribo você pertence?
Dos televisivos?
Dos sem compromissos?
Dos chateadores?
Dos furtivos?
A qual tribo você pertence?
Dos amantes idolatrados
Ou dos sacrificados?
A qual tribo você pertence?
Do uso da muleta humana?
Não, você ainda não possui uma tribo
É Homo neanderthalensis
O que sobrou e se adaptou
Da tribo sem evolução.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Lusco-fusco

É tarde de final de verão
Clima ainda quente, ardente,
O dia cai numa rapidez de torrente,
Nesse crepúsculo que precede ao anoitecer.
Indago como fica a ternura nesse ocaso,
Numa intriga perene,
Literalmente, aguada.

O laço e o nó

Houve um enlace entre o laço e o nó
Triste acontecimento
O laço deve unir num desate
O nó retira a autonomia.
Que exista somente o laço
Mantendo a complacência entre seres
Mate o nó, para que exista alforria.

terça-feira, 11 de março de 2014

Amor

Se for amor o que sente por mim
Então fique caladinho
Respire bem de mansinho
Fale baixinho
Para não espantar os coelhinhos
Para não afugentar as borboletinhas
Pra não quebrar a taça de vinho.
Amor é assim, silencioso,
Sentimento sentido
É sem fim.

Frase

Sempre que entro no elevador e subo, os pensamentos voam e tenho a sensação de subir aos céus, quando desço, chego ao térreo.

Limitação

Tenho uma coisa assim, sentida,
Que não pode ser entendida
Mas causa desilusão.

É de fato coisa séria
Traz sensação deletéria
Que melhor, não professar.

Caminhando com graça, vou seguindo,
Com diadema ornando a cabeça
E os pés encaixando na estreiteza,
Entre as valas do caminho.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Verdugo

Foram tantas as injurias
Foram tormentas ensurdecedoras
Que matou o prazer
Em que se deliciava
O imolado morreu,
Gritar, não é mais preciso.
Por certo, sente um vazio,
Escapou entre os seus dedos
A sua sensação mais deleitosa.
Não sofra por essa perda
Novos caminhos sempre se abrem
Para outros desatinados.
Viver de rancor é a sua bravura.
Portanto, não fique abatido,
Sua caça não será debalde.
Para os seus gritos
Outros ouvidos
Entrarão em dissabores.
E como carrasco que é
Deliciar-se-á certamente
Na perversidade que irás causar
No próximo desavisado.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Segregada

Por estar sentada, trabalhar, construir e pensar
Escrever e exaltar sentimentos inerentes ao meu ser
Decidir, externar, incomoda?
Sim, torno-me inoportuna.
Sei que sou pouco, quase nada,
Diante de tudo que me circunda.
Mas ser capaz de corroer minha essência
Através da inveja e críticas infundadas
Pela fala que fere mais que bala.
Não, assim não vale nada,
Não poderei tirar proveito desse juízo
É ironia impensada
De quem julga livros pela lombada.
Diante de tão pequeno discernimento
Dou imenso valor em estar segregada. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Monstro

Homem que possui o domínio
Eleva-se de formosa ternura
De palavras simples e fáceis
Compreensível, delicado como pluma,
Olhos claros, límpidos,
Que encanta o feminino
Com os louvores da doçura.

Homem que o domínio perde
No cume do ciúme enraivece
Como fera ferida enlouquece.
As paredes ressoam os sons dos monstros,
Torna-se pétreo à doçura
E olhos matam as pessoas que mirar.
Mais um mentecapto na humanidade já insana.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

As baratinhas

Não gosto de baratinhas
De nenhuma delas precisamente,
Mas existem as francesinhas
São traquinas, brincalhonas,
Correm velozmente.
Por saberem do meu dissabor
Insistem em ser minhas amiguinhas
Ficam a brincar comigo persistentemente.
Quando no joguinho eu entro
E empunho a vassourinha
As danadinhas todas afáveis
Correm e imergem
Para dentro do ralinho.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Maria

Desistiu do teu jeito empertigado
Tudo toca no teu íntimo
Desse mundo conturbado
Amarrotado, desconcertado
Intricado e mal amado
Que não há quem possa conduzir.
Ah! Maria, Maria
Sempre esteve no teu âmago
Sem contrariedades
Que sempre foras
Especificamente cosmopolita.

Frases

Se cada um fizesse a sua parte bem feita, tudo funcionaria a contento. Ninguém haveria de cobrar do outro aquilo que ele mesmo deixou por fazer. Melhoraria assim, a vida humana, com menos hipocrisias, menos soberbas e menos acusações.


Primeiro prove a ti a honra e a moral depois, poderá exigir de mim o que quiseres.