Maria da Penha

Maria da Penha

domingo, 22 de agosto de 2021

Replicado - Olhos nus, carmim

Onde vês o espiritual

Sou laica

Onde vês o uno

Sou dicotômica

Onde vês o passional

Observo consumação

Onde vês a interação

Enxergo recusa

Onde vês ódio

Percebo excitação

Onde vês o latente

Descortino o manifesto.

Veem os olhos antagônicos

A maneira que se vê,

É atração Shakespeariana

Dos olhos cinza e belos

Contra os meus olhos

Nus, carmim.

Autenticidade

 Autenticidade

Cansei de ser julgada pela minha autenticidade

na essência poética

Aos bravos e recolhidos seguidores dos meus perfis,

não serei performática para agradar

As suas escolhas pelo obscurantismo não me interessam

Deixem de se preocupar com a minha escrita insólita

busquem pelo fanatismo adulador e fantasioso das aparências

que combinam com suas visões

A minha poesia é ácida que até dói

Diante do atual mundo tresloucado

nunca praticarei uma escrita espúria

Sempre estarei no limiar da minha mais profunda essência

convicta das rasas interpretações

As dimensões que ocupamos são opostas.

Imagino como seria hoje julgado Manuel Bandeira

Que do seu íntimo preconizou

“Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem-comportado...”

... “Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbedos

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”