Maria da Penha

Maria da Penha

Poetas do mundo

"Felizmente, alguns nascem com sistemas imunológicos espirituais que, mais cedo ou mais tarde, rejeitam a visão de mundo ilusória enxertada neles desde o nascimento através do condicionamento social.
Eles começam a sentir que algo está errado e começam a procurar respostas. O conhecimento interno e as experiências anómalas mostram a eles um lado da realidade que os outros ignoram, e assim começa sua jornada de despertar.
Cada passo da jornada é feito segundo o coração em vez de seguir a multidão e escolhendo o conhecimento sobre os véus da ignorância."
Henri Bergson (1859-1941)
Por "Eckhart Tolle em Português"
Saudações: Manifesto Visionário



PRIMEIRO FORAM OS CIGANOS

“Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando,
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém,
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)


A Implosão da Mentira ou o Episódio do Riocentro

Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.

Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.

Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.

Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.


Publicado no livro Política e paixão (1984).

In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 198



FRIEDRICH NIETZSCHE - (Além do bem e do mal – p. 97 – 99)

 

Por mais gratos que sejamos ao espírito objetivo – e quem já não teria se cansado até à morte de tudo que é subjetivo e de sua maldita “mesmicidade”! -, afinal deve-se ter cautela também com a própria gratidão, e refrear o exagero com que ultimamente a renúncia e despersonalização do espírito é celebrada, como quase um fim em si, como redenção e transfiguração: o que costuma suceder na escola dos pessimistas, a qual também tem boas razões, de sua parte, para prestar homenagem ao “conhecimento desinteressado”. O homem objetivo, que já não amaldiçoa e xinga como o pessimista, o erudito ideal, no qual o instinto científico vem a florir por inteiro, após mil malogros totais e parciais, é seguramente um dos instrumentos mais preciosos que existem: mas isto nas mãos de alguém mais poderoso. Ele é apenas um instrumento; digamos que é um espelho – não uma “finalidade em si”. O homem objetivo é de fato um espelho: habituado a submeter-se ao que quer ser conhecido, sem outro prazer que o dado pelo conhecer, “espelhar” – ele espera que algo venha e se estende com delicadeza, para que nem mesmo os passos leves e o deslizar dos seres espectrais se percam sobre a sua pele. O que lhe resta ainda de “pessoa” lhe parece casual, não raro arbitrário, com frequência perturbador: de tal modo se tornou reflexo e passagem e formas e acontecimentos alheios. Ás vezes volta o pensamento para “si”, com esforço, de maneira frequentemente errada; confunde-se facilmente com outros, equivoca-se quanto às próprias necessidades e apenas nisso é tosco e negligente. Talvez o atormente a saúde, ou a pequenez e a atmosfera restrita de mulher e amigos, ou a falta de companheiros e companhia – sim, ele se obriga a refletir sobre seu tormento: em vão! Pois logo seu pensar vagueia para longe, para um caso mais geral, e amanhã ele saberá se ajudar tão pouco quanto hoje. Ele perdeu a seriedade para consigo e também o tempo: ele é sereno, não por falta de tormentos, mas por falta de dedos para lidar com seus tormentos. A habitual solicitude face às coisas e às vivências, a hospitalidade luminosa e direta com que acolhe tudo com que depara, sua espécie de inconsiderada benevolência, de perigosa indiferença para com o Sim e o Não: oh, quantas vezes ele tem de pagar com essas virtudes! – e enquanto ser humano ele se torna facilmente o refugo dessas virtudes. Querendo-se dele amor e ódio, isto é, ele como Deus, a mulher e os bichos entendem amor e ódio -: ele fará o que puder, dando o que puder. Mas não surpreenderá se isto não for muito – se justamente nisso ele se revelar inautêntico, frágil, duvidoso e sediço. Seu amor é forçado, seu ódio artificial, mais um grande esforço, um pequeno exagero e vaidade. Ele só é autentico quando lhe é permitido ser objetivo: unicamente em seu sereno totalismo ele continua “natureza” e “natural”. Sua alma-espelho, que eternamente se alisa, já não sabe afirmar, nem sabe negar; ele não comanda, e tão pouco destrói. Eu não desprezo quase nada, diz ele, acompanhando Leibniz: não se deixe de ouvir e anotar esse presque! Ele tampouco é um homem modelo; a ninguém precede, nem sucede; colocando-se muito a distância, não tem motivos para tomar partido entre o bem e o mal. Tendo-o confundido tanto tempo com o filósofo, com o déspota e disciplinador cesário da cultura, honraram-no em demasia e não viram nele o essencial – ele é um instrumento, algo como um escravo, certamente a mais sublime espécie de escravo, mas nada em si. O homem objetivo é um instrumento, um precioso, facilmente vulnerável e embaçável instrumento de medição e jogo de espelhos, que devem poupar e respeitar; mas ele não é uma meta, não é uma conclusão e elevação, um homem complementar em que se justifique a existência restante, um término – e menos ainda um começo, fecundação e causa primeira, nada de sólido, poderoso, firme em si mesmo, que aspire a dominar: antes um delicado, inflado, fino e flexível recipiente de formas, que deve esperar por uma substância e conteúdo qualquer, para então se “configurar” de acordo – geralmente um homem sem conteúdo e substância, um homem “sem si”.



ALMA FERINA
Oh! tu, que tens no peito a humana fera,
A rugir de rancor em teu calão,
Vibras urrando qual uma pantera
A saciar-te à pressa, o coração.
Vomitas lama acre na expressão,
A blasfemar, quem o mal nunca fizera,
E só deseja a tua redenção!
— Vociferando a dor que o senso gera...
Teus atos vis — não sonham a Quimera!...
Causam-nos dó a tuas perversões...
Teu blasfemar infeta a atmosfera,
E nele fixam as tuas maldições,
Jamais viver na luz, teu ser espera,
Enquanto negras forem tuas ações...

Xavier Autran Franco de Sá



Primavera Nos Dentes
João Apolinário

Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa contra a mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade, decepado
Entre os dentes segura a primavera


Os Cisnes
Júlio Salusse

A vida, manso lago azul algumas
vezes, algumas vezes mar fremente,
tem sido para nós constantemente
um lago azul, sem ondas, sem espumas.

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
matinais, rompe um sol vermelho e quente,
nós dois vagamos indolentemente
como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo.
Quando chegar esse momento incerto,
no lago, onde, talvez, a água se tisne,

que o cisne vivo, cheio de saudade,
nunca mais cante, nem sozinho nade,
nem nade nunca ao lado de outro cisne.


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Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para suspender.


Fernando Pessoa.


A PRIMEIRA VEZ QUE ENTENDI

A primeira vez que entendi do mundo 
alguma coisa 
foi quando na infância 
cortei o rabo de uma lagartixa 
e ele continuou se mexendo.

De lá pra cá 
fui percebendo que as coisas permanecem 
vivas e tortas 
que o amor não acaba assim 
que é difícil extirpar o mal pela raiz.

A segunda vez que entendi do mundo 
alguma coisa 
foi quando na adolescência me arrancaram 
do lado esquerdo três certezas 
e eu tive que seguir em frente.

De lá pra cá 
aprendi a achar no escuro o rumo 
e sou capaz de decifrar mensagens 
seja nas nuvens 
ou no grafite de qualquer muro.


-Affonso Romano de Sant'Anna



Ismália

Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar…






Nessa insana disputa em que vivemos
Pra medirmos dos dois quem amou mais
Com "mais nunca" e promessas de "jamais"
Não sabemos sequer quem ama menos
Pelo saldo de brigas, não podemos
Entender porque estamos separados
Qualquer dia, perdidos e cansados
Nos vingamos, num abraço, arrependidos
Que a vingança maior dos ofendidos
É saber abraçar os humilhados


Pedro Torres


“Conheça todas as teorias. Domine todas as técnicas, mas quando tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Estas são palavras do emblemático psicanalista Carl Gustav Jung, palavras que escondem uma realidade certeira.


Apagar-me 

Apagar-me 
diluir-me 
desmanchar-me 
até que depois 
de mim 
de nós 
de tudo 
não reste mais 
que o charme.


Paulo Leminski



Não há inimigo insignificante. Todo inimigo é uma potência. O amigo trai na primeira esquina. Ao passo que o inimigo não trai nunca. O inimigo é fiel. O inimigo é o que vai cuspir na cova da gente. Não há admiração mais deliciosa do que a do inimigo.
Nelson Rodrigues


Se possível, não devemos alimentar animosidade contra ninguém, mas observar bem e guardar na memória os procedimentos de cada pessoa, para então fixarmos o seu valor, pelo menos naquilo que nos concerne, regulando, assim, a nossa conduta e atitude em relação a ela, sempre convencidos da imutabilidade do carácter.
Arthur Schopenhauer


"O fato de o mar estar calmo na superfície não significa que algo não esteja acontecendo nas profundezas".
- O Mundo de Sofia.


"Poeta não é só quem faz poesia. É também quem tem sensibilidade para entender e curtir poesia. Mesmo que nunca tenha arriscado um verso. Quem não tem senso de humor, nunca vai entender a piada."
Paulo Leminski

Recado aos Amigos Distantes

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.


Cecília Meireles, in 'Poemas (1951)'



O ANEL DE VIDRO

Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Assim também o eterno amor que prometeste,
— Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, —
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste


Manuel Bandeira



Loucos e Santos
Oscar Wilde

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.


O corpo e a mente

O corpo e a mente
têm biografias separadas,
cada um sua memória própria,
seu próprio jogo de charadas.

Meu corpo tem lembranças
— cheiros, tiques, andanças —
que a mente não registrou
e o corpo não tem as marcas
de metade do que a mente passou.

(Pior que uma mente insana
num corpo sem muito assunto
é um corpo que já foi ao Nirvana
sem que a mente tenha ido junto.)

Cada um tem um passado
do qual o outro não tem pista
(como um bilhete amassado)
e nem o Mahabarata
explica uma mente anarquista
num corpo socialdemocrata.

Compartilham bioplasmas
e o gosto por certas atrizes,
mas não têm os mesmos fantasmas
nem as mesmas cicatrizes.

Das duas, uma, gente:
ou toda mente é de outro corpo
— ou todo corpo mente.

Luis Fernando Veríssimo


Rugas - Pedro Barroso

Se ficasses para sempre
nos olhos que em ti medi
naquele balouçar
de vestal e puta eternamente
serias o sonho prolongado
que não há
Mas os anos amiga
os anos que passaram
fizeram de borracha a tua pele
e o desespero das rugas
enfeitou o teu rosto
num rasgo de ti mesma
E desdobras-te em cascatas de gestos
em busca do que foste
sem saber
e há qualquer coisa de injusto em tudo isso
porque os meus olhos são da mesma idade
E o tempo
esse carrasco lento
fez de nós uma referência
uma memória esconsa do que fomos
E hoje são talvez as tuas filhas
quem desdobrou de ti o alçamento
a graça de garça
e o altar de espanto
Mas tu amiga
aqueles teus seios de mármore
que eu mordi de amante
esses roubaram-mos de inveja
o tempo e a lonjura
Por isso recuso ver-te hoje
sem ser nessa memória
Dizem que é assim
isto de viver
mas há tudo de cru, injusto e triste
nessa amargura
porque a beleza extrema
nunca houvera de morrer
E tudo o que me estrago
a mim não magoa
que eu nunca contei muito
para o belo que me deste
Sempre vou ser isto
mais coisa menos coisa
cada vez mais velho e mais agreste
Mas tu tinhas direito à eternidade
o teu rosto o teu corpo as tuas mãos
moram para mim ainda e sempre
na ideia em que te guardo
e há qualquer coisa de injusto em tudo isto
porque os meus olhos são da mesma idade



O verme

Existe uma flor que encerra
Celeste orvalho e perfume.
Plantou-a em fecunda terra
Mão benéfica de um nume.

Um verme asqueroso e feio,
Gerado em lodo mortal,
Busca esta flor virginal
E vai dormir-lhe no seio.

Morde, sangra, rasga e mina,
Suga-lhe a vida e o alento;
A flor o cálix inclina;
As folhas, leva-as o vento,

Depois, nem resta o perfume
Nos ares da solidão...
Esta flor é o coração,
Aquele verme o ciúme.

Machado de Assis


Não és Bom, nem és Mau

Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal padeces;
E rolando num vórtice insano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas com as virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.

Olavo Bilac, in "Poesias"



Poeira do Chão
Klecius Caldas & Armando Cavalcanti

O que te dei em carinho
Tu devolveste em traição
O que era um claro caminho
Tornaste desolação
Hoje, tu voltas chorando
Para implorar meu perdão.

O meu perdão nada custa
Falando a palavra justa
Há muito eu te perdoei
E por amar de verdade
Vendo tanta falsidade
No fundo eu te lastimei.
Se é baixo e vil o interesse
O amor bem cedo fenece
É flor que morre em botão.

Não
Não pode alcançar os astros
Quem leva a vida de rastros
Quem é poeira do chão...



As Minhas Rosas

Sim! a minha ventura quer dar felicidade;
Não é isso que deseja toda a ventura?
Quereis colher as minhas rosas?
Baixai-vos então, escondei-vos,
Entre as rochas e os espinheiros,
E chupai muitas vezes os dedos.
Porque a minha ventura é maligna,
Porque a minha ventura é pérfida.
Quereis apanhar as minhas rosas?

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"







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