Maria da Penha

Maria da Penha

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Máscaras

Eu vivo com as minhas seis máscaras que confeccionei.
O dia da máscara de político para poder lidar com uma sociedade medíocre.
O dia da máscara de palhaço para fazer rir pessoas que não conseguem observar a tristeza do meu eu mais profundo.
O dia da máscara da fantasia para consolar os sonhos, alheio.
O dia da máscara da verdade para que duvidem de mim.
O dia da máscara da extravagância para que vejam, a minha versatilidade, a minha intolerância e a minha sabedoria, para que assim, eu seja reconhecida.
O dia da máscara da bondade e da feminilidade para que sintam a minha fragilidade.
São seis máscaras para cada um dos seis dias da semana que fazem a minha sobrevivência neste mundo insano.

A sétima máscara eu não consegui criar, nesse dia sou eu na minha performance real e louca que só uma pessoa no mundo conhece.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Não pode ser meu

O homem que esquece a poesia
Esquece os gestos e as manias
Dilacera com os ancestrais.

O homem que se passa pelo capricho
Esquece a filosofia
Quebra os cristais.

O homem que se derrama em lágrimas
Mas se esquece da sociologia
Dilacera com a dicotomia.

O homem que dramatiza uma história
Esquece que na luta pode-se chegar à vitória
Mortifica a glória.

O homem que foge da realidade
Luta pela unicidade
Difama sentimentos da igualdade.

O homem que utiliza o seu olho cego
Vagueia na hipotética realidade
Rasga as páginas da história.

O homem que se esquece da empatia simbiótica
Relega as variáveis pela ausência do evento
Desvia a relevância.

O homem que rompe com a pintura abstrata
Deseja o que vê
Perde a imaginação.

O homem que a isto demonstra
Acomoda-se na ignorância
Rompe com a esperança.

O homem que ignora a realidade
Desconsidera o papel que o caos inevitável tem
Conjectura outra objeção.

O homem que se exime de toda culpa
Extingue a projeção imaginária
Elucubra em si.

O homem que imagina possuir com perfeição destinada
Esquece experiências compartilhadas
Despedaça o brio do porvir.

O homem que assim se coloca
Torna-se acre e esmaece à conquista.
E qualquer paixão lhe diverte.

O homem com essas atitudes
Perde todas as suas posses
E chora desgraçado.

Este homem não pode ser meu.