Maria da Penha

Maria da Penha

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mulher

Mulher
Porque estás ao meu lado?
Escolhi a ti sem pensar
Num espasmo de loucura
Com medo da solidão
Afoito e imediatista
Agonizo na mesma situação.
Hoje noto que, não tens a idade que eu queria,
Não possuis o corpo que eu pretendia,
Não me agarro a ti com os olhos da paixão.
Mulher
Tira-me deste dilema
Ainda preciso de ti,
Que pretensão,
Mas, o meu esquema,
Por linhas tortas foi traçado.
Não vês mulher
Que o teu sorriso é outro sorriso marcado em minha memória
Teu cabelo não tem a seda que eu imaginava
O teu cheiro vem de aromas artificiais,
E o teu dançar não é o da minha bailarina.
Mulher, o que te fiz, e agora não consigo,
Ser honesto em dizer-te
Vai-te embora.

Faça

Está se lamentando de e do quê?
Leia o livro que ainda não leu
Escreva a carta que nunca escreveu
Dê a mão a quem nunca deu
Faça o elogio que nunca fez
Desculpe a quem nunca desculpou
Agradeça a quem nunca agradeceu
Use a tecnologia para o bem
Lamente menos e faça mais
Olhe menos para o seu umbigo
Olhe mais para o seu cérebro
Ainda dá tempo
Ame incondicionalmente.

Veja

Veja, a cada primavera o tempo vai se tornado mais cruel.
O espelho em que você se vê está mais velho.
A sua visão sem a mesma nitidez
Mesmo assim, o espelho revela as rugas da face,
A flacidez do corpo.
Veja a razão, é mais elevada que a emoção.
Seus amigos também envelheceram.
Parecem mais jovens que você?
É que envelheceram juntos e não dá para perceber.
As canções que você gosta são as mais velhas
Aquelas escutadas na vitrolinha.
Veja os dias, estão mais curtos e as noites são mal dormidas.
À vontade de realizar é grande e o corpo não responde.
Os seus romances e paixões são coisas do passado
Agora só lhe resta a companhia sem seletividade.
Veja o que fez de incongruente todo esse tempo
O que plantou errado e não floresceu?
Não adubou e regou para que florescesse.
Veja o esforço mísero que fez em todo o tempo
Procurando se calçar sobre um pilar sem sapata.
Veja hoje o que o levou a esmorecer e a não fazer
O seu ser não fez nada por merecer.
Veja a sombra do seu passado
No que se tornou o seu presente
A falta de um futuro.
Veja o que lhe resta ao lado
Não é o bastante para o sonhado.
Veja o seu ponto mais forte o elo mais fraco
Seu calcanhar-de-Aquiles.
Veja a vida como vivida com seus encantos de época
O seu conhecimento ínfimo
A sua sabedoria impotente.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Porto Maior

O meu éden
O meu lugar de ócio, criativo.
O menor mundo
O mais vasto.
O que não atormenta
Não lamenta
Que sustenta a alma
Que faz viajar ao paraíso.
A cada segundo uma cor
Com as suas nuances loucas.
Histórias que nunca se repetem
Num movimento contínuo
Dando a cada instante
O início à felicidade.
E como melhor privilégio
Todos os caminhos levam
Ao Porto Maior.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Paralelas

Traço as retas
Infinitas retas num papel
Branco infinito
Retas que tendem ao infinito
Nunca se fecham
Não formam regiões
Convexas.
Nas equações
Mais retas, retas
Para onde vão?
Já nem as traço
Com a régua
Essas equações das retas
O dia inteiro
No cansaço
Acompanhando as retas
As paralelas
Como no asfalto
Feitas pelos pneus do carro
Retas para onde?
Onde me levarão?
Para o infinito
Lá no final
O abismo
Morrendo em meio ao vão.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Oração para esquecer

Senhor, eu quero esquecer um ente muito querido.
Por isso venho a Ti pedir esse aprendizado.
Explica-me como faço para odiá-lo?
Ensinaram-me somente a amá-lo.
Senhor, já há muito não o tenho mais,
mas do meu cérebro não se esvai,
este sentimento que já é insuportável.
Quero ser como as outras pessoas, simples e odiosas,
quero sentir asco do ser que me despreza.
E que o Senhor me ensine a matar a minha compaixão.
Faça Senhor de mim um ser ignorante
uma pessoa insignificante
para o sentimento que Tu intitulou amor.
Sei que por vezes assim temos de ser,
Antes que eu me vá cedo por demais
pela lâmina afiada da decepção.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Teu mal

Estás melancólico?
Estás magoado por teres mentido?
Mas a atitude não nega.
Não é fiel a si próprio?
Fica embaraçado?
Finge ingenuidade?
Encontra-se acompanhado, mas em solidão?
Traí a si próprio.
Não és nem bom e nem mal?
Estás sem essência para viver?
Assegurou a sua alma?
E a ti, perdeste.

Esperança

Não nego que tenho esperanças
Fico a espreita para uma brecha
Alucino à beça.
É o meu estágio de loucura
Permanecer aqui sentada
Toda de verde e imóvel
A pugnar o nada.
Vejo a luz
É vermelha
Mas afunda lentamente
E vai ficando cada vez mais negra.
Qual a cor que se apresente?
Não, não sou inconsequente,
Tem de ser a transparente,
Que nas profundezas do mar
Sobrevive resplandecente.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Muros da vida

Você deveria saber que para as pessoas civilizadas
E em mundos civilizados,
Existem tendências de derrubar muros.
Então como você pode imaginar-se civilizado
Possuindo a vertente contrária?
Criando um muro tão elevado
Que é impossível transpor.
E se um dia o seu muro cair?
Como você irá olhar para o outro lado?
Com a mesma estupidez, coragem insossa,
e imperícia que o fez construir?
Ou já tem na ponta da língua
As evasivas para o diálogo?
Possui tanta presunção de achar-se assim tão diplomático?
Você acredita que para a sua indulgência
Encontrará complacência?
Você deveria saber,
Que em todo ato de indiferença
Não existe a possibilidade de encontrar
Do outro lado do muro
Pessoas solícitas e afáveis.

domingo, 7 de abril de 2013

Eles / Mulheres

Eles são passionais às Joanas, Cristinas e Helenas.
Suas vidas não passam além das que vivem das mesmas penas.
Compartilham compaixões com as Joanas,
Colocam os seus dotes de aparências nas Cristinas,
Fantasiam como mães as Helenas.
Nomes que lembram filhas, netas, enteadas, amigas de seus círculos virtuosos. 
Que indubitavelmente não são mais que as suas amantes e
Que se contorcem em suas camas usando formas sensuais.
Mas no cair da realidade,
As Joanas, que eles acham carismáticas, se encontram nos bordeis.
As Cristinas, de seus reinos de cuidados têm as almas disfarçadas de damas da traição.
As Helenas, que imaginam a súbita certeza do seu amor,
São as suas imaculadas serpentes
São seus impérios sem futuro
Seus mantos de amargura
Que na medida exata de suas primeiras fragilidades
Elas os colocam para fora de suas camas
Como um rebuçado desgastado
Baldeando-se em outros méis.
E agora, como pobres desgraçados,
Irão dar glória, glória as suas subestimadas Marias.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Lugar nenhum

Você está querendo crescer e ir ao longe?
Já pensou nas pessoas que atrai para o seu lado?
De que tipos são?
Quem é você?
Não consegue analisar o contexto?
Cai sempre no mesmo texto?
Quando ao seu lado você tem alguém melhor
Você muda o seu enredo?
Não tem ânimo?
Você não tem resposta?
Faça contrações neuronais
Não esgote o ato de pensar.
Despende suas forças
Trabalhe aferro
Mas é melhor o comodismo?
É o seu caráter?
Tudo isso é cansativo?
Prefere não ser diligente,
Não ter zelo
Então, aonde quer chegar?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Meio caminho

O laço está apertado demais?
Não consegue fazer com que a corda deslize nas polias?
Folgue um pouco, a escalada é longa.
Mas não folgue tanto assim
Você poderá escorregar
E você já fez um terço da escalada
E não sabe das dificuldades que virão.
Faça uma coisa de cada vez no seu estribo de um degrau
E bem planejada.
Olhe para cima e veja os obstáculos.
Não verificou o tempo?
Chove e a pedra está escorregadia?
Verificou o sistema de ancoragem?
Você tem tantas primaveras
Mas é um novato.
Você sai rápido demais para as suas aventuras.
Agora já tão alto está com fobia.
Olha para o lado e não vê ninguém para ajudar.
Ficou a meio caminho pendurado
Entrou num dilema sem conseguir subir
Não consegue descer.
Tome qualquer decisão
Já que nunca decidiu por nada.
E hora de mostrar o seu valor.
Grite peça socorro
Desvincule-se da sua altivez
Ou prefere continuar na corda bamba
Para não ferir a sua soberba.