O Brasil e o mundo vivem uma era de distração coletiva, onde discussões vazias e falsos dilemas consomem a energia que deveria ser direcionada às verdadeiras crises. Enquanto a inteligência artificial é debatida como se fosse um fenômeno a ser o ápice das soluções e, não passa de uma ferramenta abstrata a ser temida ou celebrada sem critério e, se perde de vista o fato de que ela já está sendo usada para concentrar poder, vigiar populações e aprofundar desigualdades. Não falta tecnologia, falta ética, falta vontade política de colocar o avanço científico a serviço de todos e não somente para uma minoria que lucra e a maioria continua alienada.
As disputas ideológicas entre esquerda e direita no Brasil se reduzem a um espetáculo de egos, uma guerra de falas soltas, que não produz mudanças reais, apenas desgaste. Enquanto políticos se digladiam em discussões vazias, o país afunda na mediocridade educacional, com um Ministério da Educação que preferiu ceder ao lobby das instituições de ensino em vez de modernizar o sistema e expandir o acesso ao conhecimento de qualidade. A educação a distância, que poderia ser uma revolução democratizante, foi sabotada por interesses escusos, condenando milhões ao ensino obsoleto, enquanto o Brasil perde posições no ranking científico mundial, abandonando sua capacidade de inovar e competir.
E o que dizer das prioridades distorcidas? Parlamentares mentem descaradamente, fazem gastos absurdos que são normalizados, e a mídia trata tudo como se fosse apenas mais um dia na política. Enquanto isso, um genocídio é cometido diante dos nossos olhos. Israel massacra palestinos, usando a fome como arma, destruindo hospitais, escolas e qualquer vestígio de dignidade humana, e o mundo assiste como se fosse um conflito distante, uma tragédia inevitável. A mesma humanidade que se comove com histórias individuais é capaz de normalizar a morte em massa quando ela acontece longe o suficiente, quando as vítimas não têm a cor da pele ou a religião certa.
Outras guerras se espalham pelo globo, vidas são reduzidas a números, a estatísticas, e a indiferença se torna a resposta padrão. Enquanto nos preocupamos com bebês reborn, com discussões vazias sobre moralidade, com falsos escândalos fabricados para manter a população distraída, pessoas morrem de fome, são enterradas sob escombros, fogem de suas terras sem esperança. O capitalismo selvagem e a geopolítica perversa transformaram a vida em objeto descartável, e nós, em maior ou menor grau, somos cúmplices desse sistema toda vez que escolhemos olhar para o lado.
Não há justificativa para tanto cinismo, para tanta passividade. A ciência regride, a educação definha, a violência é normalizada, e as únicas vozes que se levantam são as que perpetuam o ódio ou o conformismo. O que resta é perguntar até quando a humanidade vai aceitar ser espectadora de sua própria decadência. Até quando vamos fingir que tudo está bem, quando claramente não está.