Maria da Penha

Maria da Penha

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Romantismo

Gostaria que soubesse:
O que se vive juntos não passa
Portanto, não diga que eu matei a nós.
Meu ser não consegue assassinar o que abastece o sentimento.
A minha poesia fica guardada em minha alma
Será a você passada pelos meus abraços e beijos aqui preservados.
Fico lucubrando para reter o estágio de loucura.
Toco na jovial borboleta para sentir a seda da sua pele
Inclino-me à rosa para recuperar o seu cheiro e revivenciar a sua beleza.
Só não posso dar a você o que não possuo
E o que possuo, talvez não o satisfaça.
Perdão por eu ser tão inferior.
Na minha frágil e inconstante sabedoria
Para não dizer literalmente, ignorância,
Alimento-me deste amor que sinto por você.
Não sou a súcubo como você me intitula e queima na fogueira.
Mate-me de forma mais misericordiosa.
Já que soube matar o seu amor do seu eu
Saiba então matar o seu ódio.
Preserve de nós algo de bom
Se alguma coisa boa realmente existiu para você.
Aprenda ao menos, a não cumprir o seu ritual de horror.
Colocaste-me no túmulo ainda viva.
Desculpa-me, tira-me daqui.
Deixa-me inspirar só um pouco de ar.
Não me mate assim, vivo ainda por respirar você.

Licença poética

Escrever
É a essência da liberdade
Ousadia de pensamento sutil.
Não quero valores de gêneros e estilos
O barroco, o trovadorismo,
O lirismo, o narrativo ou dramático,
Nem mesmo o romantismo,
Nada contesto destes e outros,
São escritas de cada época no seu tempo
Que escondem com sutiliza os sentimentos
Associado a uma ética social.
Não quero a função poética
As rimas e emoção para encantar
Não me importa se vem em prosa ou versos,
Metafóricos para imaginar.
Quero os momentos de criatividade
Com os sentimentos em devaneios
Dar-me licença à poesia
Que nasce da autenticidade.

Segredos

Sim, não nego,
Tenho segredos e muitos
Não são segredos nocivos
São particularidades de futuro promissor
São engenharias de construtos
Elementos de traços retilíneos
De uma visão límpida
Com grandeza de ânimo
De pura verdade e generosidade.
Se descobertos ou revelados um dia
A jura constituirá a essência do prazer
Dará lugar até ao ódio pela cisma que existia
Por não poder vingar o desejo contrário
De uma imaginação que aos outros transmite
Que todo segredo por ser ele um segredo
Conduz a elementos contrários
Para a certeza do que é errado,
Do que machucará.
Os meus segredos são para os agrados
O contentamento determinado
A alçar venturas
Para o gozo do que é alvo de estima.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vergonha

Tenho vergonha de ter acreditado em quem eu não podia
Tenho vergonha de ter reverenciado perante mentes frouxas
Tenho vergonha de me ter deixado iludir
Tenho vergonha de não ter compreendido no momento
Tenho vergonha de ter amado o ser fracassado
Tenho vergonha de ter fraquejado perante o simplório
Tenho vergonha de ter sido cúmplice de algumas pessoas
Tenho vergonha de ter sido substituída pelo vulgar
Tenho vergonha da minha falta de esperteza
Tenho vergonha de não saber decifrar no tempo certo
Tenho vergonha dos meus momentos de ignorância
Tenho vergonha de ter dito verdades a quem não merecia
Tenho vergonha de ter tentado fazer crescer quem não queria
Tenho vergonha de ter tirado o prazer de pessoas fora do meu alto nível
Tenho vergonha de ter feito sofrer por isso
Tenho vergonha de ter investido mal os meus sentimentos.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mulher

Mulher
Porque estás ao meu lado?
Escolhi a ti sem pensar
Num espasmo de loucura
Com medo da solidão
Afoito e imediatista
Agonizo na mesma situação.
Hoje noto que, não tens a idade que eu queria,
Não possuis o corpo que eu pretendia,
Não me agarro a ti com os olhos da paixão.
Mulher
Tira-me deste dilema
Ainda preciso de ti,
Que pretensão,
Mas, o meu esquema,
Por linhas tortas foi traçado.
Não vês mulher
Que o teu sorriso é outro sorriso marcado em minha memória
Teu cabelo não tem a seda que eu imaginava
O teu cheiro vem de aromas artificiais,
E o teu dançar não é o da minha bailarina.
Mulher, o que te fiz, e agora não consigo,
Ser honesto em dizer-te
Vai-te embora.

Faça

Está se lamentando de e do quê?
Leia o livro que ainda não leu
Escreva a carta que nunca escreveu
Dê a mão a quem nunca deu
Faça o elogio que nunca fez
Desculpe a quem nunca desculpou
Agradeça a quem nunca agradeceu
Use a tecnologia para o bem
Lamente menos e faça mais
Olhe menos para o seu umbigo
Olhe mais para o seu cérebro
Ainda dá tempo
Ame incondicionalmente.

Veja

Veja, a cada primavera o tempo vai se tornado mais cruel.
O espelho em que você se vê está mais velho.
A sua visão sem a mesma nitidez
Mesmo assim, o espelho revela as rugas da face,
A flacidez do corpo.
Veja a razão, é mais elevada que a emoção.
Seus amigos também envelheceram.
Parecem mais jovens que você?
É que envelheceram juntos e não dá para perceber.
As canções que você gosta são as mais velhas
Aquelas escutadas na vitrolinha.
Veja os dias, estão mais curtos e as noites são mal dormidas.
À vontade de realizar é grande e o corpo não responde.
Os seus romances e paixões são coisas do passado
Agora só lhe resta a companhia sem seletividade.
Veja o que fez de incongruente todo esse tempo
O que plantou errado e não floresceu?
Não adubou e regou para que florescesse.
Veja o esforço mísero que fez em todo o tempo
Procurando se calçar sobre um pilar sem sapata.
Veja hoje o que o levou a esmorecer e a não fazer
O seu ser não fez nada por merecer.
Veja a sombra do seu passado
No que se tornou o seu presente
A falta de um futuro.
Veja o que lhe resta ao lado
Não é o bastante para o sonhado.
Veja o seu ponto mais forte o elo mais fraco
Seu calcanhar-de-Aquiles.
Veja a vida como vivida com seus encantos de época
O seu conhecimento ínfimo
A sua sabedoria impotente.