Maria da Penha

Maria da Penha

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Veja

Veja, a cada primavera o tempo vai se tornado mais cruel.
O espelho em que você se vê está mais velho.
A sua visão sem a mesma nitidez
Mesmo assim, o espelho revela as rugas da face,
A flacidez do corpo.
Veja a razão, é mais elevada que a emoção.
Seus amigos também envelheceram.
Parecem mais jovens que você?
É que envelheceram juntos e não dá para perceber.
As canções que você gosta são as mais velhas
Aquelas escutadas na vitrolinha.
Veja os dias, estão mais curtos e as noites são mal dormidas.
À vontade de realizar é grande e o corpo não responde.
Os seus romances e paixões são coisas do passado
Agora só lhe resta a companhia sem seletividade.
Veja o que fez de incongruente todo esse tempo
O que plantou errado e não floresceu?
Não adubou e regou para que florescesse.
Veja o esforço mísero que fez em todo o tempo
Procurando se calçar sobre um pilar sem sapata.
Veja hoje o que o levou a esmorecer e a não fazer
O seu ser não fez nada por merecer.
Veja a sombra do seu passado
No que se tornou o seu presente
A falta de um futuro.
Veja o que lhe resta ao lado
Não é o bastante para o sonhado.
Veja o seu ponto mais forte o elo mais fraco
Seu calcanhar-de-Aquiles.
Veja a vida como vivida com seus encantos de época
O seu conhecimento ínfimo
A sua sabedoria impotente.

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