Maria da Penha

Maria da Penha

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Segredos

Sim, não nego,
Tenho segredos e muitos
Não são segredos nocivos
São particularidades de futuro promissor
São engenharias de construtos
Elementos de traços retilíneos
De uma visão límpida
Com grandeza de ânimo
De pura verdade e generosidade.
Se descobertos ou revelados um dia
A jura constituirá a essência do prazer
Dará lugar até ao ódio pela cisma que existia
Por não poder vingar o desejo contrário
De uma imaginação que aos outros transmite
Que todo segredo por ser ele um segredo
Conduz a elementos contrários
Para a certeza do que é errado,
Do que machucará.
Os meus segredos são para os agrados
O contentamento determinado
A alçar venturas
Para o gozo do que é alvo de estima.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vergonha

Tenho vergonha de ter acreditado em quem eu não podia
Tenho vergonha de ter reverenciado perante mentes frouxas
Tenho vergonha de me ter deixado iludir
Tenho vergonha de não ter compreendido no momento
Tenho vergonha de ter amado o ser fracassado
Tenho vergonha de ter fraquejado perante o simplório
Tenho vergonha de ter sido cúmplice de algumas pessoas
Tenho vergonha de ter sido substituída pelo vulgar
Tenho vergonha da minha falta de esperteza
Tenho vergonha de não saber decifrar no tempo certo
Tenho vergonha dos meus momentos de ignorância
Tenho vergonha de ter dito verdades a quem não merecia
Tenho vergonha de ter tentado fazer crescer quem não queria
Tenho vergonha de ter tirado o prazer de pessoas fora do meu alto nível
Tenho vergonha de ter feito sofrer por isso
Tenho vergonha de ter investido mal os meus sentimentos.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mulher

Mulher
Porque estás ao meu lado?
Escolhi a ti sem pensar
Num espasmo de loucura
Com medo da solidão
Afoito e imediatista
Agonizo na mesma situação.
Hoje noto que, não tens a idade que eu queria,
Não possuis o corpo que eu pretendia,
Não me agarro a ti com os olhos da paixão.
Mulher
Tira-me deste dilema
Ainda preciso de ti,
Que pretensão,
Mas, o meu esquema,
Por linhas tortas foi traçado.
Não vês mulher
Que o teu sorriso é outro sorriso marcado em minha memória
Teu cabelo não tem a seda que eu imaginava
O teu cheiro vem de aromas artificiais,
E o teu dançar não é o da minha bailarina.
Mulher, o que te fiz, e agora não consigo,
Ser honesto em dizer-te
Vai-te embora.

Faça

Está se lamentando de e do quê?
Leia o livro que ainda não leu
Escreva a carta que nunca escreveu
Dê a mão a quem nunca deu
Faça o elogio que nunca fez
Desculpe a quem nunca desculpou
Agradeça a quem nunca agradeceu
Use a tecnologia para o bem
Lamente menos e faça mais
Olhe menos para o seu umbigo
Olhe mais para o seu cérebro
Ainda dá tempo
Ame incondicionalmente.

Veja

Veja, a cada primavera o tempo vai se tornado mais cruel.
O espelho em que você se vê está mais velho.
A sua visão sem a mesma nitidez
Mesmo assim, o espelho revela as rugas da face,
A flacidez do corpo.
Veja a razão, é mais elevada que a emoção.
Seus amigos também envelheceram.
Parecem mais jovens que você?
É que envelheceram juntos e não dá para perceber.
As canções que você gosta são as mais velhas
Aquelas escutadas na vitrolinha.
Veja os dias, estão mais curtos e as noites são mal dormidas.
À vontade de realizar é grande e o corpo não responde.
Os seus romances e paixões são coisas do passado
Agora só lhe resta a companhia sem seletividade.
Veja o que fez de incongruente todo esse tempo
O que plantou errado e não floresceu?
Não adubou e regou para que florescesse.
Veja o esforço mísero que fez em todo o tempo
Procurando se calçar sobre um pilar sem sapata.
Veja hoje o que o levou a esmorecer e a não fazer
O seu ser não fez nada por merecer.
Veja a sombra do seu passado
No que se tornou o seu presente
A falta de um futuro.
Veja o que lhe resta ao lado
Não é o bastante para o sonhado.
Veja o seu ponto mais forte o elo mais fraco
Seu calcanhar-de-Aquiles.
Veja a vida como vivida com seus encantos de época
O seu conhecimento ínfimo
A sua sabedoria impotente.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Porto Maior

O meu éden
O meu lugar de ócio, criativo.
O menor mundo
O mais vasto.
O que não atormenta
Não lamenta
Que sustenta a alma
Que faz viajar ao paraíso.
A cada segundo uma cor
Com as suas nuances loucas.
Histórias que nunca se repetem
Num movimento contínuo
Dando a cada instante
O início à felicidade.
E como melhor privilégio
Todos os caminhos levam
Ao Porto Maior.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Paralelas

Traço as retas
Infinitas retas num papel
Branco infinito
Retas que tendem ao infinito
Nunca se fecham
Não formam regiões
Convexas.
Nas equações
Mais retas, retas
Para onde vão?
Já nem as traço
Com a régua
Essas equações das retas
O dia inteiro
No cansaço
Acompanhando as retas
As paralelas
Como no asfalto
Feitas pelos pneus do carro
Retas para onde?
Onde me levarão?
Para o infinito
Lá no final
O abismo
Morrendo em meio ao vão.