O lugar onde o pensar respira
Pensar é carregar um mundo que ainda não coube nas palavras. É caminhar entre ruínas e sementes, escutando os vestígios do que ainda não nasceu. Pensar é traduzir sem trair, é olhar para o indizível com a paciência de quem não tem pressa de reduzir. É sentir sem colapsar, abrindo espaço dentro de si para o que não tem forma pronta. É permanecer com a dúvida como quem permanece com um amigo difícil: sem querer consertar, apenas estar. Pensar não é competir por razão, é buscar coerência entre o que vibra por dentro e o que o mundo insiste em calar. Não penso para brilhar. Penso para respirar. Para não sufocar sob o peso da superfície. Para manter vivo um eixo invisível que me sustenta. Pensar é resistir ao automatismo, é cavar sentido onde tudo parece ruído. É um ato de inteireza, mesmo quando o mundo oferece apenas fragmentos. Pensar é um modo de permanecer humana. E inteira. Mesmo quando tudo ao redor parece pedir o contrário.
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