O eclipse da razão quando as sombras engolem o pensamento
A vulnerabilidade cognitiva decorrente da ausência de pensamento crítico configura um fenômeno complexo no qual o indivíduo, desprovido de ferramentas epistemológicas robustas, torna-se suscetível à manipulação ideológica e discursiva. Essa condição não se restringe à mera carência de conhecimento formal, mas reflete uma insuficiência hermenêutica para discernir entre argumentos válidos e falaciosos, entre informação e persuasão oculta. Quando o sujeito não desenvolve capacidade analítica para questionar pressupostos ou identificar vieses, sua cognição passa a operar como território colonizável por narrativas hegemônicas, transformando-o em agente passivo de agendas alheias. A ignorância sapiencial, distinta da ignorância epistêmica, manifesta-se justamente nessa incapacidade de desnaturalizar discursos, levando à internalização acrítica de constructos sociais e políticos. Nesse estado, o indivíduo não apenas reproduz ideias não examinadas, mas torna-se instrumentalizado como massa de manobra, perpetuando estruturas de dominação simbólica que se alimentam precisamente da não problematização do status quo. A trágica consequência é a alienação do próprio processo de pensamento, onde a autonomia intelectual é suplantada por uma pseudo-consciência fabricada.