Maria da Penha

Maria da Penha

domingo, 22 de dezembro de 2024

O arquivo das estações

Guardei um mapa num lugar perdido,

onde o tempo, por descuido, hesita.

Os traços são rios que secaram cedo,

mas ainda guardam o murmúrio da vida.


As árvores falam línguas apagadas,

e suas folhas, arquivos de eras,

sussurram verdades disfarçadas

nos códigos de antigas primaveras.


O céu é um espelho de névoa e ferro,

onde as estrelas, frias, descansam.

Os ventos carregam ecos austeros,

memórias partidas que não se alcançam.


Ainda assim, no silêncio partido,

há mãos que moldam o que não existe.

Nas cinzas do velho, o novo é tecido,

num fôlego breve, sutil, mas persiste.


Os sonhos futuros não têm formato;

são só fragmentos em órbita errante.

Mas cada estação, num ciclo exato,

guarda uma semente sempre pulsante.

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