Eu não queria que você me matasse assim,
Preferiria que fosse por uma forma mais branda.
Que não fosse da mesma maneira que já tentou me matar num
passado distante, através da mesmice já conhecida por mim, pelo distanciamento
na tentativa de reconstruir uma vida com outra pessoa, distanciando-se para
fugir.
Queria morrer alimentando um sentimento.
Morrer pela busca, pela procura, pelas belas palavras mesmo
que contraditórias.
Morrer pela poesia pobre e insignificante, pela conquista
constante.
Morrer pela esperança dos beijos e abraços mesmo que não
venham a acontecer.
Morrer sabendo que ficou uma linda história de vida, de
paixão de amor e de uma grande e verdadeira amizade.
Mas assim não, matar-me assim é dizer-me que tudo foi em
vão, que eu não devo mais sonhar e muito menos planejar quaisquer possibilidades
de retorno.
Matar-me assim é deixar explícito que não sou nada, que não
fui nada e esquecer-se que sempre e em qualquer situação existem dois lados.
Matar-me assim é mostrar-me o que você sempre foi e que não
consegue alimentar nada além de você próprio, do seu orgulho e é capaz de viver
de aventuras mornas valendo-se de qualquer coisa.
Matar-me assim, é não se dar o direito do que realmente você
deseja.
Matar-me assim é demonstrar que o amor só existe se for carnal.
Matar-me assim é achar que existem distâncias, e que o amor
a elas não resiste.
Matar-me assim é matar todas as minhas possibilidades e
deixar-me livre para reconstruir novamente do zero a minha própria vida.
Matar-me assim é não ter consciência de que vou ter de
buscar alguém para mim e infelizmente para você, que se diz saber tudo, esse
alguém eu ainda não sei quem é, mas também não é e nem nunca foi quem você
sempre imaginou.
Eu não queria que você me matasse assim.
Adeus.