Maria da Penha

Maria da Penha

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Castidade?

Mantive-me em castidade
Durante anos a fio
Para não trair pelo carnal
Mantendo a jura ao falo divino.

Ora, não foi possível,
Em saber por terceiros, tão grave desleixo,
Por quem tive apreço
E deixou-me a ver navios.

Não suportou o enorme desejo
Em derramar o líquido quente
Com prazer veemente
Entre as coxas das alcoviteiras.

E eu, diante de tamanha negligência,
Purificada ficaria?
Oh! Não, não tenha tamanha presunção,
E não me acuse com as suas queixas.

Que imaginação asquerosa
Tipo, homens de Atenas.
Que ingenuidade ordinária
Imaginando existentes as melenas.

Meu caro!
O tempo remontam outros
O que desejas para si
É imagem e semelhança para o outro.

O que dói é saber
Que outras dores iguais, provarás,
Se não modificares esse cérebro nefasto
E não aprenderes a perdoar.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pano de fundo

Saltei da tristeza à alegria
Qual foi a magia?
Foi o meu blefe à cilada.
Resgatei a variável
Do modelo, já descartada.
Foi no aguçar do pensamento
Que reformulei todo o problema
Com interações complexas do esquema
Simulei a resposta mais convicta
De não mais dar o próximo passo.
Deixei o estratagema intacto
Devolvi sutilmente o drama ao íntimo
Do infeliz criador do artifício,
Ficando por inteiro enredado.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Minha lógica de amor

Tive por você amor
Uma paixão romântica dos poetas
Um grande amor chamado Eros.

Depois passei a ter por você amor
Uma generosidade de entrega total à relação
Uma lógica da paixão Ágape.

Nunca tive por você amor
Amor de sedução, limitados a uma noite
Ludos nunca foi a minha paixão.

Meu amor por você amor
Foi de confiança mútua e valores compartilhados
Divindade grega da amizade – Storge.

Alguns dias atrás amor
Tive por você amor de pré-requisitos e de ponderação
Amor intitulado pragma.

Hoje tenho por você amor, mania
Amor montanha-russa, um dia nas nuvens
E outros no fundo do poço.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Perturbação

Eis que se abriu a primeira cortina
Nada vi naquele palco
Fiquei a espera e observando
O velho tecido que não sacudia.

Eis que se abriu a outra cortina
E nada vi naquele palco
Escutava a música de fundo
Inalando o mofo que ali envolvia.

Eis que se abriu a terceira cortina
Nada vi naquele palco
Um zum zum zum acontecia na plateia,
Reduzi-me a ler o encarte da peça de teatro.

Eis que se abriu a última cortina
Novamente, nada vi naquele palco,
Agora havia um silêncio aterrorizante
Mas era esta, a peça no teatro.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Peinha

Muito prazer sou Penha
Intitularam-me Peinha
Uma coisinha sem senha
Que não se embrenha.

Muito prazer
Sou quem equilibra a barrenha
Na péinha
Não tem quem detenha.

Muito prazer
Gosto da sombra da carrasquenha,
Tampouco me importo
De vestir-me com estamenha.

Muito prazer
Sou pequenininha
Se contenha...
Que não sou inhenha.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Taciturnidade

Zetalhões de poesias a disposição.
Quanta literatura
Livre para ler.
Tanta manifestação
De falsas virtudes.
Tenho saudade dos filmes mudos
Estes sim, diziam muito.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Saída da vitrine

Não pense que eu vou dizer um sim
Só para te agradar.
Não pense que o meu não
Será para te prejudicar.
Só pretendo ser assertiva
Não estou no mundo para satisfazer.
Não sou perfeita
Para que todos me admirem.
Não tenho vaidade ao ponto
De querer ser unanimidade.
Não gosto do que não gosto
Não vou admirar o que não admiro.
Não tenho que aceitar a tua opinião
E isto não me causa constrangimento.
Meu íntimo é libertário
Igualdade para todos.
Não preciso de aceitação
Escravizando-me por opiniões.
Parece sentimento tirano
O sincero é ofensivo.
Mas, se assim eu não pensasse,
Seria uma hipócrita só para ter
A tua aprovação.