Maria da Penha

Maria da Penha

segunda-feira, 25 de março de 2013

Insignificância

Cura a sua dor meu caro
Assim sai da latência do imaginário,
Honra-te da insignificância.
O trabalho é pouco,
Mas tens um teto com palmos medidos,
A abrigar os teus prazeres.
És tão apoucado
Que esta choça
O torna ancho.
Não lutaste pelo abundante,
E a pouca monta em que tu te apoias
Irá satisfazer-te.

Fuga a esmo

Fez juras que não pode cumprir,
Agiu como se conhecesse o futuro,
Criou expectativas no outro,
Conjeturou promessas em devaneios,
Gritou com sentimento único,
Humilhou-se,
Iludiu-se,
Destituiu-se,
Faltou-lhe o poder de mostrar a própria força,
À sua amante prepotente.
Atou de fato,
Uniformizou o ato
Tornou-se dependente de haveres.
Impotente, buscou a própria acepção.
Foi certo na escolha,
Estás agora no seu impressionante cenário,
Hilário.
Não tens mais juras a fazer.
Uniu-se a pessoa de iguais atributos,
Num Estado de quinta classe,
No país de terceiro mundo,
Florescendo da história de um passado
Das coisas habituais.
Nada notável,
Escondeu-se.

Eu e a mariposa

Estou hoje de frente ao oceano cinzento,
Lindo
Dentro deste apartamento com o físico esquálido
Observei novamente a mariposa que na parede da sala
Estava há mais de semanas pousada
Imaginei que ela, como eu
Estava meio morta
Ao remexê-la
Ela se apossou de outro sítio.
A expressão da mariposa e a minha
Deveria ser retratada em um filme.

Cinquenta anos

Sempre estive com o bit ligado
Isto a mim sempre foi dito
Esta analogia não foi um desatino,
Acompanhou a minha anatomia.

A mente a mil estava conectada
A construir a cada momento.
À inércia, só por estar sentada,
De resto, nem melancolia.

Eis que os anos se passaram
O bit de paridade foi interrompido.
Agora me oriento pelo reverso
E o foda-se foi disparado.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Meus homens

Estou cansada das reverências
Tenho como liberdade
A antissocial
A minha própria forma de pronunciar.
Não quero nada que seja comedido.
Quero a relevância do meu próprio ato.
Quero os meus homens
E desejo amá-los a todos.
E nada que seja singular e exclusivista.
Nada de domínio público
Que exaurem os meus recursos mentais.
Não os quero fisicamente
Desejo-os de pés assentes
Mas sem muita intelectualidade.
Imagino-os com as suas esposas e amantes
Suas ternurinhas errantes e eu,
Os quero pelas suas melhores partes,
Aos meus pés pela minha genialidade
Na libertinagem de pensamentos,
Para que tenham sonhos
De um dia possuir, a mim,
A mulher intensidade.
E que ambicionem a minha extravagância,
Para que não morram as minhas nostalgias
E alimente as suas agonias
Daquilo que lhes é imparcial.
Que minha autenticidade
Sempre os deixem na busca
Da minha real personalidade.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Indecisão

Essas dores!!!
Vou, porque tenho de ir;
Volto por não poder ficar.
Se pudesse, nem iria e nem ficaria.
Dói-me por demais a carne e ossos que compõe a estrutura de uma alma;

Pasmo sempre, por ir e não voltar. 

Odisseia

Levantou
Alçou voo
Viu com encanto
Todos os recantos
As maravilhas dos campos
As luzes das metrópoles
Os índios, as florestas,
As acrópoles
Os oceanos.
Aterrissou.
Viu a guarda inimiga
O sangue e a falta de comida
A doença, a má sorte.