Maria da Penha

Maria da Penha

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Amor algorítmico

No futuro distópico, meu amor,  

serás um código, eu, um algoritmo,  

nosso romance, uma função de valor,  

calculada em qubits, sem nenhum critério.  


Teu coração, um chip quântico,  

pulsa em superposições, frio e exato,  

enquanto meu peito, um circuito vazio,  

busca teu sinal no infinito abstrato.  


Prometemos eternidade em nuvens quânticas,  

mas nossa conexão falha, a rede oscila,  

o 6G do amor é instável, desigual,  

e o GPS da paixão nos leva à ilha  


de um mar de big data, onde afogamos  

nossos sentimentos em deepfakes vazios,  

enquanto IA generativas nos declamam  

poemas de amor, pré-treinados, sombrios.  


Ah, meu amor cibernético e irônico,  

será que ainda há espaço para o humano?  

Ou somos apenas mais um código eletrônico,  

perdidos no loop de um futuro insano?  


Talvez, entre tantos qubits e labirintos,  

ainda reste um sopro de verdade:  

um erro no sistema, um laço antigo,  

que nos salve da fria eternidade.

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