Maria da Penha

Maria da Penha

domingo, 2 de novembro de 2014

Asas

Com as asas rasgo os ares
Pouso em fios, edifícios e observo mares
Se tenho asas é para alçar os ares
Ver de cima, tudo lindo.
Desço para ver de perto
vejo uma malha em confusão
de pequenez imaginação.
Rios poluídos que descem pela encosta
numa humilhação que desconforta
num chão revestido de alcatrão.
Nunca me disseram que lá embaixo
era pura podridão.
Por que me deram asas
se em troca só tenho decepção...
Ver o vexame posto
não é de bom gosto.
Asas, para quê?
Para assumir o meu destino
de enorme envergadura.
Vingar as desesperanças,
depois de desiludida e humilhada,
abraçar os que de olhos tristes me fitam
e se voltam acanhados, vencidos,
por acharem que em tudo aquilo
existia alguma graça.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Onagro

Menino malandro
Tentei de todo jeito
Mudar os teus trejeitos
Até com castigos e cinto na mão.
A vida airada é a quê contemplas
Banhar-se no lago profundo, imundo
Recrear-se com as facilidades
Nos lugares em que os humanoides se ostentam.
Menino, agora de malandro a malvado
Cria tramas e conspiras
Vestes o lodo, vê-se em brilho
Olha e sorri com um sorriso calhado.
Menino vadio, teimoso
Não fizestes a lição da maneira correta
Em tuas cabalas um monstro emerge
Afia a faca, descasca batatas
Num porão cheio de baratas.
Como te sentes, probo?
Estás alucinado...
Marcando-se com ferro em fogo
Feito um jumento.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ressurgir das trevas


Sou uma semente
Semente delicada e de boa têmpera
Capaz de brotar das entranhas
do solo mais rude
Terreno já tomado pelos fetos
tapetes verdejantes das florestas
E entre as ervas daninhas
Ressurgirei lentamente da terra
Desabrocharei cálida e tenra
Florirei colorindo a selva
Divina como são as cores
das flores da camélia.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Um novo amor

Ah!... poeta, que vive um novo amor
Existiu amor no passado? não interessa
Só se vive poeta, assim...
Com o novo amor.

E começa tudo do zero
Com esmero
Sem certeza de nada
Somente olhos e juízo para o novo amor.

Ah!... poeta, e agora?
Sem a saudade, sem as memórias
Como ficarão as folhas... brancas?
Não poeta, serão as novas histórias.

A voz ao telefone é a mais doce
As mensagens as mais suaves
Tudo é curiosidade, novidade, aventura
Para os poemas de amor.

Ah!... poeta, estás delirante
Tudo mais aprazível, verdejante
Vai durar por um tempo
E surgirão somente, poemas de amor.

Delicia-se poeta desses momentos
E quando tudo acabar
Volte ao seu jeito indomável
De escrever o dissabor.


domingo, 26 de outubro de 2014

"Democracia do voto" 26/10/2014

Hoje estou muito "Feliz"
Obrigatoriamente estive presente
Vi-me junto a um alçapão inteligente
E quatro opções compulsórias eu tinha em minha frente
Branco, nulo, 13 ou 45
-  "Oportunizando a minha escolha"
-  "Respeitando ao meu direito civil e individual"
Diante de um sistema de governo do inferno!
(demo=satã; cracia=governo)
Mulher "fiel à democracia"
Inevitável para manter a cidadania.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Como te vejo

Vejo-te o mesmo
Não mudou em nada
O mesmo físico com e sem falhas,
Com igual comportamento e atitude
Julgando a todos como canalhas.
Enxergo-te o mesmo
Um santo quando abandona
O endiabrado quando abandonado
E quando tudo vem à tona
Só comprova mais e mais a sua trairagem.
Afastei-me de ti
Olho-te, és igual
Nada surpreendente
Exatamente o que eu esperava.
Trolou-me com os mais "belos" adjetivos
Puta foi o mais suave.
Vejo-te o mesmo
You're just one drunk
Online wine merchant.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Desvio

Não posso voltar para os seus braços
Não conseguiria sentir os seus abraços
A minha sensação não permitiria.

Para cada afago seu, logo me lembraria
A contar nos dedos que me faltariam
Todas as outras acoitadas nos seus braços.

Não, eu iria somente banalizar o que fora um dia
Seria estupidez acreditar no seu embuste hábil
Deixaria a verdade falsear suas ideias maquinadas.