Maria da Penha

Maria da Penha

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ressurgir das trevas


Sou uma semente
Semente delicada e de boa têmpera
Capaz de brotar das entranhas
do solo mais rude
Terreno já tomado pelos fetos
tapetes verdejantes das florestas
E entre as ervas daninhas
Ressurgirei lentamente da terra
Desabrocharei cálida e tenra
Florirei colorindo a selva
Divina como são as cores
das flores da camélia.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Um novo amor

Ah!... poeta, que vive um novo amor
Existiu amor no passado? não interessa
Só se vive poeta, assim...
Com o novo amor.

E começa tudo do zero
Com esmero
Sem certeza de nada
Somente olhos e juízo para o novo amor.

Ah!... poeta, e agora?
Sem a saudade, sem as memórias
Como ficarão as folhas... brancas?
Não poeta, serão as novas histórias.

A voz ao telefone é a mais doce
As mensagens as mais suaves
Tudo é curiosidade, novidade, aventura
Para os poemas de amor.

Ah!... poeta, estás delirante
Tudo mais aprazível, verdejante
Vai durar por um tempo
E surgirão somente, poemas de amor.

Delicia-se poeta desses momentos
E quando tudo acabar
Volte ao seu jeito indomável
De escrever o dissabor.


domingo, 26 de outubro de 2014

"Democracia do voto" 26/10/2014

Hoje estou muito "Feliz"
Obrigatoriamente estive presente
Vi-me junto a um alçapão inteligente
E quatro opções compulsórias eu tinha em minha frente
Branco, nulo, 13 ou 45
-  "Oportunizando a minha escolha"
-  "Respeitando ao meu direito civil e individual"
Diante de um sistema de governo do inferno!
(demo=satã; cracia=governo)
Mulher "fiel à democracia"
Inevitável para manter a cidadania.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Como te vejo

Vejo-te o mesmo
Não mudou em nada
O mesmo físico com e sem falhas,
Com igual comportamento e atitude
Julgando a todos como canalhas.
Enxergo-te o mesmo
Um santo quando abandona
O endiabrado quando abandonado
E quando tudo vem à tona
Só comprova mais e mais a sua trairagem.
Afastei-me de ti
Olho-te, és igual
Nada surpreendente
Exatamente o que eu esperava.
Trolou-me com os mais "belos" adjetivos
Puta foi o mais suave.
Vejo-te o mesmo
You're just one drunk
Online wine merchant.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Desvio

Não posso voltar para os seus braços
Não conseguiria sentir os seus abraços
A minha sensação não permitiria.

Para cada afago seu, logo me lembraria
A contar nos dedos que me faltariam
Todas as outras acoitadas nos seus braços.

Não, eu iria somente banalizar o que fora um dia
Seria estupidez acreditar no seu embuste hábil
Deixaria a verdade falsear suas ideias maquinadas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Assalto ao coração

Bateram em minha porta
Eu a abri com um sorriso
E para a minha surpresa
Era um assalto.
Fiquei estarrecida
Numa mistura de êxtase e medo
Mas, durante aqueles momentos
Tentei fazer todas as leituras possíveis.
Mas, quando a porta se fechou
Notei que o meu estômago não mais aceitava a comida
Os meus pulmões já não queriam respirar
O meu coração sangrava.
As minhas pernas paralisavam
Os meus dedos começaram a esfriar.
Mas, na fuga do sentimento a razão sobressaiu
Pensei então…
Cometi um grande erro
Abri a porta desprevenida
Deixei entrar com um sorriso
Quem me era desconhecido.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Pessoa

Muito sutil foi Álvaro Campos
No Poema em Linha Reta
Peço desculpas ao honrado poeta
Pelo seu canto enigmático e cheio de destreza.
Caro poeta...
Todos os seres levam porrada e são traídos
Dói o bastante, portanto, escusa serem declarados,
Não necessitavam ser a mim, elucidados
No seus atos violentos de sensações subjetivas,
seu prazer, ódio, raiva, rancor, ressentimento, mágoa, revolta, tristeza, angústia, dor, solidão e alegria...
Prezado poeta...
Como poderia conquistá-lo?
Seria afiançando a minha baixeza?
Não poeta...
Não foi por esse motivo que esteve por tanto tempo ao meu lado.
A semideusa foi o seu encanto.
Essa geminiana que em cada ombro
Carrega de um lado um deus e do outro
O diabo.
Poeta...
Reconhecer as falácias é por vezes difícil,
O seu sofisma foi o de estar calado.
E qual foi o seu desencanto?
Saber dos meus pecados, escondendo os seus enganos
Sim, pois foi o que procurou
Por não entender o quanto foi amado.
Meu digníssimo poeta...
Não foi capaz de escutar e entender a voz humana
A bipolaridade geminiana.
Sim, poeta...
Somos todos, todos
Infâmia, covardia, porcos, submissos, grotescos, arrogantes
Ridículos e, portanto, enxovalhados
Somos príncipes e princesas...
Portanto, poeta
Tornamo-nos literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.