Maria da Penha

Maria da Penha

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Porto Maior

O meu éden
O meu lugar de ócio, criativo.
O menor mundo
O mais vasto.
O que não atormenta
Não lamenta
Que sustenta a alma
Que faz viajar ao paraíso.
A cada segundo uma cor
Com as suas nuances loucas.
Histórias que nunca se repetem
Num movimento contínuo
Dando a cada instante
O início à felicidade.
E como melhor privilégio
Todos os caminhos levam
Ao Porto Maior.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Paralelas

Traço as retas
Infinitas retas num papel
Branco infinito
Retas que tendem ao infinito
Nunca se fecham
Não formam regiões
Convexas.
Nas equações
Mais retas, retas
Para onde vão?
Já nem as traço
Com a régua
Essas equações das retas
O dia inteiro
No cansaço
Acompanhando as retas
As paralelas
Como no asfalto
Feitas pelos pneus do carro
Retas para onde?
Onde me levarão?
Para o infinito
Lá no final
O abismo
Morrendo em meio ao vão.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Oração para esquecer

Senhor, eu quero esquecer um ente muito querido.
Por isso venho a Ti pedir esse aprendizado.
Explica-me como faço para odiá-lo?
Ensinaram-me somente a amá-lo.
Senhor, já há muito não o tenho mais,
mas do meu cérebro não se esvai,
este sentimento que já é insuportável.
Quero ser como as outras pessoas, simples e odiosas,
quero sentir asco do ser que me despreza.
E que o Senhor me ensine a matar a minha compaixão.
Faça Senhor de mim um ser ignorante
uma pessoa insignificante
para o sentimento que Tu intitulou amor.
Sei que por vezes assim temos de ser,
Antes que eu me vá cedo por demais
pela lâmina afiada da decepção.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Teu mal

Estás melancólico?
Estás magoado por teres mentido?
Mas a atitude não nega.
Não é fiel a si próprio?
Fica embaraçado?
Finge ingenuidade?
Encontra-se acompanhado, mas em solidão?
Traí a si próprio.
Não és nem bom e nem mal?
Estás sem essência para viver?
Assegurou a sua alma?
E a ti, perdeste.

Esperança

Não nego que tenho esperanças
Fico a espreita para uma brecha
Alucino à beça.
É o meu estágio de loucura
Permanecer aqui sentada
Toda de verde e imóvel
A pugnar o nada.
Vejo a luz
É vermelha
Mas afunda lentamente
E vai ficando cada vez mais negra.
Qual a cor que se apresente?
Não, não sou inconsequente,
Tem de ser a transparente,
Que nas profundezas do mar
Sobrevive resplandecente.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Muros da vida

Você deveria saber que para as pessoas civilizadas
E em mundos civilizados,
Existem tendências de derrubar muros.
Então como você pode imaginar-se civilizado
Possuindo a vertente contrária?
Criando um muro tão elevado
Que é impossível transpor.
E se um dia o seu muro cair?
Como você irá olhar para o outro lado?
Com a mesma estupidez, coragem insossa,
e imperícia que o fez construir?
Ou já tem na ponta da língua
As evasivas para o diálogo?
Possui tanta presunção de achar-se assim tão diplomático?
Você acredita que para a sua indulgência
Encontrará complacência?
Você deveria saber,
Que em todo ato de indiferença
Não existe a possibilidade de encontrar
Do outro lado do muro
Pessoas solícitas e afáveis.

domingo, 7 de abril de 2013

Eles / Mulheres

Eles são passionais às Joanas, Cristinas e Helenas.
Suas vidas não passam além das que vivem das mesmas penas.
Compartilham compaixões com as Joanas,
Colocam os seus dotes de aparências nas Cristinas,
Fantasiam como mães as Helenas.
Nomes que lembram filhas, netas, enteadas, amigas de seus círculos virtuosos. 
Que indubitavelmente não são mais que as suas amantes e
Que se contorcem em suas camas usando formas sensuais.
Mas no cair da realidade,
As Joanas, que eles acham carismáticas, se encontram nos bordeis.
As Cristinas, de seus reinos de cuidados têm as almas disfarçadas de damas da traição.
As Helenas, que imaginam a súbita certeza do seu amor,
São as suas imaculadas serpentes
São seus impérios sem futuro
Seus mantos de amargura
Que na medida exata de suas primeiras fragilidades
Elas os colocam para fora de suas camas
Como um rebuçado desgastado
Baldeando-se em outros méis.
E agora, como pobres desgraçados,
Irão dar glória, glória as suas subestimadas Marias.