Maria da Penha

Maria da Penha

quarta-feira, 27 de março de 2013

Lembranças perfeitas I

O seu mundo não se move mais pelas lembranças?
Então por que, se sentir assim todo o tempo?
E tenta corromper com esse sentimento de angústia.
Mas não consegue!
É mais forte que você.
Vai ao mar? Estou lá
Vai à montanha? Também estou lá
Vai à beira do rio? Sentes falta de mim.
Deita-se na cama e pela janela vês as estrelas?
Eu sou uma delas.
Atravessou o oceano para sentir a mesma coisa de antes?
Errou. Nada é igual.
O cheiro é diferente
O diálogo é diferente
A música é diferente
E então, a poesia? Bem diferente.
È débil demais, não é?
São muitas as tentativas do esquecimento,
Mas você não consegue me esquecer.

Falsa Filosofia

Eu sou quem deseja compreender
Essa sua doutrina de bem viver
Que andas a defender
Da literatura ficcional árabe e europeia
Da Idade Média,
Através dos sete mares,
- Que se vive sem ordenado -.
E se manifesta com veemência
Exteriorizando os sentimentos e pensamentos
Com ardor e entusiasmo,
- O que alimenta a vida é viver do amor -.
Estou a dar o devido apreço
A essa ideia triunfal.
Mas, como posso acreditar nisso, nessa sua espiritualidade?
Nessa vã filosofia?
E o vinho, o pão de onde virão?
Pois acordo todos os dias,
Vejo com transparência
Famílias inteiras em penúrias
Na míngua de víveres.
Ah! Não sei se caio nessa cilada
De um dia possuir
A pedra filosofal.

Sem destino

Você deseja chegar?
Você sabe que o caminho é longo
E sabe que existe várias formar de ir.
Mas não será assim dão fácil.
Traça os objetivos e as metas para cada ato
E você vê que é sofrível.
Busque, o projeto está traçado.
Já está em exaustão?
Ou é medo da ação?
Potencialize as energias
Deixa de lado a aflição.
Não será mais um decadente
Juntando angústias e inquietação.
Sei, o esforço é hercúleo,
A ânsia é muita
Que causa náuseas
E ainda nem deu o primeiro passo.
Vai de bote?
Decidiu,
Fico aqui a ver da praia.
Você foi,
Vejo você distante
A sumir no horizonte.

terça-feira, 26 de março de 2013

Sem destino II

Viveu e viu as façanhas da vida
Armou-se em seu campo de força
Arrebanhou todas as ovelhas
Caricaturou a própria vida.
Fumou, bebeu, iludiu
Construiu e destruiu
Sem arregaçar as mangas.
Vida fácil, vida bruta,
Enquanto encontrou certezas
Que não fez por merecer.
Agora, homem, chegou a verdade
Das incertezas incondicionais.
Ontem o seu passado
Hoje o seu futuro impensado
Resultando na sua tormenta.
Escreveu a vida e criou os próprios tropeços
Devido o seu desajeito e negligência
Da sua bússola desordenada
Que insistiu seguir.
Não tem como seguir mais caminho
Vai navegar sozinho
No mundo único que construiu.

Sem destino I

Não, não é assim que você é,
Você é mais, muito mais de tão pouco,
É o verão que está a consumir o seu pensamento.
O outono já vem,
E logo, logo o inverno, para esfriar a sua irreflexão.
Quando fores refletir no inverno
Sentirás como foi o inferno
De como o verão te encolheu.
Não te aflijas por enquanto
O inverno tem os seus encantos
De curar os desencantos,
De um verão discricionário.
Não, não é culpa sua,
Faltou-lhe a decência plena
De um homem que não cresceu.

Psicopata

Leva anos e anos
Delineando a sua armadilha
Estudando a sua vítima.
Falante, charmoso, simpático, sedutor,
Capaz de impressionar e cativar rapidamente as pessoas.
Bonzinho, educado e inofensivo, é impecável.
É só fachada, um teatro muito bem engendrado,
Que esconde seus atributos perturbadores.
Capaz de enganar com suas mentiras repetidas,
À obtenção de seu lucro ou prazer.
Desrespeitador e imprudente,
Até da sua segurança e a dos outros.
Irresponsável de suas obrigações.
Sem nenhum sentimento de remorso,
Culpa por ferir, maltratar,
Roubar, enganar ou mesmo matar.
Nada disso faz parte do seu íntimo.
Inteligente, mas insensível, frio manipulador.
Fingidor de sentimentos perfeitos.
Quando descoberto? Mestre inversor do jogo.
Agora vítima de convencer
De que foi mal interpretado.
É consciente de todos os seus atos.
Não desiste é incansável e
Com seu charme e bem humorado
Vem o golpe da sua lâmina fatal.
Vai-se embora dissimuladamente
Parte para a próxima ação, sacrificar. 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Insignificância

Cura a sua dor meu caro
Assim sai da latência do imaginário,
Honra-te da insignificância.
O trabalho é pouco,
Mas tens um teto com palmos medidos,
A abrigar os teus prazeres.
És tão apoucado
Que esta choça
O torna ancho.
Não lutaste pelo abundante,
E a pouca monta em que tu te apoias
Irá satisfazer-te.