Maria da Penha

Maria da Penha

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

 Ao ouvir dos alunos que a disciplina é bastante complicada, mas que, mesmo assim, passaram a gostar da matéria e da professora, argumentei: Quando isso acontece, não é a professora que se destacou, nem a disciplina que os conquistou, mas sim o desafio imposto, nunca antes experimentado. Portanto, ao não se curvarem ao temor da derrota, lutaram e conquistaram, e, assim, aprenderam que nada é impossível de ser alcançado.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

'Ismos"

 Até quando seremos submissos?

Aos “ismos” do clientelismo, coronelismo e mandonismo?

Até quando seremos capazes de suportar a verborragia para o domínio?

- Até quando?

Até que superemos a nossa posição de resignados, 

que sobrepujemos a nossa ignorância do medo

Até entendermos que a elegância estética do comportamento é para os “ismos”, como as pseudoteorias do autoconhecimento para o nosso equilíbrio emocional 

Os “ismonalistas” irão nos reverenciar por sermos equilibrados, educados, não contestadores 

Quando cairmos na realidade de que nada é orientado para uma sociedade mais igualitária, o tempo se foi

Já não seremos quem somos, por ter perdido a própria identidade, a criatividade e a liberdade de pensar

- Até quando?

Até o momento de compreendermos que poderemos ser alforriados

e que, conseguiremos sobreviver sem as amarras dos “ismos”

Uma nova moral ressurgirá e os “ismos” não serão para o elitismo.

Alcançaremos, pois, uma sociedade para o altruísmo, hedonismo, criticismo, interacionismo e o libertarismo.

E daremos adeus aos velhos “ismos”. Quando?


Amicus

Quem é o amigo (a)?

É a música que podemos um dia amá-la e em outro, odiá-la

sem repreensão

É o livro, que nos faz chorar, rir ou brigar solitariamente

Sendo incapaz de nos subjugar

É o poema com a sua maestria poética, seja romântico para o deleite

Ou rude e ácido, escondendo nas entrelinhas as puras verdades,

Que poucos concebem 

São esses os verdadeiros amigos

São esses que nos acompanham enquanto em vida

Que nos ensinam e nos fazem criar a casca grossa

Até que possamos compreender

de resto

Só se pode ser amigo do próprio eu.


Descrença

 

Foi em uma note linda que desacreditei

Desacreditei que poderia haver um criador protetor

Quando vi, era a pessoa, com as mãos postas

Fazendo a suas orações

Pedindo perdão por ter prejudicado um irmão

Irmão sem cor, sem dor, humilhado

por não ter ambição

Então, desnudei-me de todas as crenças

segunda-feira, 3 de abril de 2023

É necessária a volta dos formadores de opinião - Humanidade versus Máquinas Inteligentes

É necessária a volta dos formadores de opinião - Humanidade versus Máquinas Inteligentes

 

Maria da Penha Boina Dalvi

Me: Engenharia de Gestão do Conhecimento

Me. Gestão da Informação nas Organizações

Esp. Estatística e Sistemas de Informação nas Organizações

 

É certo que um pouco de ciência faz bem para a saúde mental; entretanto, devemos estar preparados para sermos rejeitados quando não aceitarmos ser influenciados.

Estamos na era em que os algoritmos permitem argumentação eloquente, contudo, sobressai a informação enfadonha e vazia que não permite contraponto, mesmo que se tenha razões lógicas para um discurso mais incisivo, uma comunicação perfeita, Entretanto, informação é comunicação por uma só via. Segundo Ricardo Noseda, "Comunicação não é ato, mas processo pelo qual o indivíduo entra em cooperação mental com outro até que ambos alcancem uma consciência comum – Informação, pelo contrário, é qualquer transcrição unilateral da mensagem de um emissor a um receptor – A irradiação da mensagem sem retorno de diálogo, proveniente de informantes centralizados, não pode ser identificada com a coatividade intrassubjetiva característica da comunicação".

A comunicação só é perfeita se for face a face e, sendo o humano ser sociável, por conseguinte, tem necessidade de ser parte viva e ativa de qualquer que seja o contexto e que, a tecnologia não seja uma regalia para monopolizar a informação.

O que estamos vendo na verdade é uma sociedade líquida, com poucos seres pensantes criando conteúdos fidedignos, genuínos e, uma enormidade de pessoas que ganharam espaço e voz no mundo virtual que, de forma isolada, está criando e consumindo conteúdos incapazes de validar qualquer tipo de argumento aos quais são direcionados e, de tal maneira, criarão e consumirão cada vez mais informação sem a devida seletividade. Os algoritmos inteligentes veiculam ao indivíduo solução de consumo de informação que o acondiciona em uma bolha para tudo que ele transparece desejar consumir, pois deixa vestígios das suas características de consumo pelo meio virtual. A partir de tais atributos receberá informação que irá lhe satisfazer e agradar literalmente, levando-o a acreditar que o seu mundo, diante do seu consumo paira toda a verdade daquilo que já acreditava anteriormente, se consolidando cada vez mais como um ser quase perfeito. É inegável que não existe nada mais empolgante na vida em não se ter de enfrentar o contraditório. É o absolutismo que trás uma sensação de poder. Mas, havemos de admitir que é um poder diante do isolamento e no acalento dos desejos pessoais, dessa forma, desobriga dos compromissos e da solidariedade, o que pode levar à exclusão e à marginalização por recorrer ao pertencimento de grupos vulneráveis que são capazes que desenvolver uma miopia para o que é democracia e justiça social.

  Diante dessas considerações não se pode esquecer do “hiato social” que já estamos vivenciando. O hiato social acontece quando as pessoas se distanciam do contato pessoal e preferem se comunicar por meio de dispositivos eletrônicos. Isso tem levado a uma diminuição do convívio social face a face, com consequências negativas para a saúde mental e emocional das pessoas.

Uma das principais causas do hiato social é a informação imperfeita. Com a facilidade de acesso a informações e notícias por meio das redes sociais e outras plataformas online, as pessoas acabam consumindo informações muitas vezes imprecisas ou tendenciosas, que podem gerar conflitos e divisões sociais. Além disso, a falta de contato pessoal e de empatia pode levar a uma maior intolerância e à propagação de preconceitos e discursos de ódio.

Estamos vivenciando o hiato social nos nossos pequenos grupos sociais, como família, amigos e colegas de trabalho. Quando antes utilizávamos as plataformas virtuais de comunicação informalmente, existia uma conexão brilhante na amistosidade e que se pode até colocar como infantilidade quando ainda se brincava. As relações admitiam uma demonstração de confiança, de honestidade e de verdades dos pensamentos contraditórios e chegava-se pela comunicação e diálogo a um equilíbrio das interpretações para um objetivo fim. Hoje a verdade se consolidou como uma ameaça, pelo fato de se ter normalizado o consumo do que é inverídico, pois as bolhas da informação recebidas já estão consolidadas e, nesse mundo espectral individual e ou no mesmo coletivo, cada pessoa e ou grupo passou a entender o seu mundo como verdade única, não conseguindo mais se abstrair da sua redoma.

O controle pelo medo que historicamente dominou a sociedade, que nunca desapareceu totalmente, mas que agora voltou com muita força; medo do não pertencimento, medo do erro, medo de perder o emprego, medo de falar a verdade e ser contrariado, medo de se posicionar politicamente, medo de falar poque pode ofender, medo de falar por não saber mais o que é ou não politicamente correto, medo da economia sufocar financeiramente, medo de não ter o sucesso que o outro conquistou e, assim existem milhares de exemplos do medo e, portanto, passamos a viver uma vida sem identidade, somos um factoide de nós mesmos, uma persona definida por uma sociedade diluída e uma versão contrária a nossa verdadeira e ainda nos curvamos diante dos sofistas e da ignorância.

A falta de uma estrutura mais rígida capaz de contemplar o equilíbrio de condutas pode comprometer toda a humanidade, principalmente com os avanços a que estamos assistindo nos  algoritmos de inteligência artificial (IA).

É atormentador saber o humano cria soluções incríveis e ao mesmo tempo, problemas assombrosos. Os benefícios que trazem a IA são incontestáveis como a otimização de processos, o desenvolvimento de novas tecnologias e o aprimoramento da tomada de decisões em diversas áreas de organizações e empresas. No entanto, a IA também apresenta riscos e perigos para a humanidade, que devem ser levados em consideração.

O que assusta na evolução da IA é a intensão de uso por indivíduos ou organizações com objetivos negativos.

Já estamos numa sociedade líquida e em um hiato social, vivendo sob o domínio do medo, consternados, fazendo vigília da própria sombra, negando a ciência e a educação e agora com IA tomando e gorando espaços na sociedade, que segundo Harari ...podendo substituir muitos trabalhadores manuais por máquinas e substituir muitos trabalhadores intelectuais por algoritmos...

Quiçá não seria o momento crucial em se pensar novamente na sociedade líquida na qual as relações sociais são voláteis e efêmeras? Esta ocorrência acontece em grande parte devido à rapidez das mudanças tecnológicas e à crescente globalização, que tornam as fronteiras nacionais e culturais cada vez mais tênues. Possivelmente existe dificuldade em se perceber os acontecimentos na estrutura social como um todo universal. Para se evitar mais sofrimento, hoje e futuro à sociedade,  pensar em instigar à dialogicidade para princípios éticos seria por uma boa razão, principalmente por serem aplicáveis a todas as pessoas, em todas as culturas - que devem ser adaptados e reinterpretados à luz das diferenças culturais - , e em todas as épocas, independentemente das diferenças religiosas ou políticas. Desta forma, uma possível releitura da sociedade apoiado ao universalismo da ética possibilitaria bom diagnóstico para reequilibrar a saúde mental e social da humanidade em associação com a utilização dos algoritmos e máquinas

Acreditar na inteligência humana, na socialização física real, no semelhante como ser verdadeiro, divergente em opiniões e nas suas diferenças como um todo, saber ouvi-los e aceitá-los e, também sermos escutados e aceitos, além do fundamental que é a credibilidade na ciência que pode nos ajudar a desenvolver uma compreensão mais precisa e profunda do mundo ao nosso redor, permitindo-nos descobrir novos métodos de tratamento de doenças, por exemplo, ou desenvolver tecnologias que tornem nossa vida mais fácil e confortável. Dessa forma, um pouco de ciência pode ser benéfico para nossa saúde mental, ao nos dar mais autonomia e controle sobre nossas vidas.

 

sábado, 24 de setembro de 2022

Lacuna

 Estou saturada

da tolerância e de desculpa rasa para qualificar o hiato cognitivo

do estratagema do saber das pontas dos dedos

do aprender célere e abominável

como se o malabarista do circo

não necessitasse ser perseverante

do desprezível conjuminado do incompatível

ensinar para fazer aprender

lucubração de clã díspar

à mercê do próprio capricho

ah! Como estou farta

da pergunta antecipada para conhecer a minha opulência

para vir a traçar o meu hediondo destino.