Maria da Penha

Maria da Penha

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Recaída

Fecham-se  todos os cadeados
a fim de não ter de suportar a repetição da moléstia
dos desentendimentos por rotulação
da degradada vivência

Desgoverna-se  pela droga o sentimento
nas noites de amargura do enlouquecedor dia
Procura-se nas portas entreabertas, esquecidas
transcrever emotividade adormecida

Insanidade é o que significa
traçar-se um efeito inabalável
depois, apagar das espinhas as causas primárias
proporcionando o caos interior do que já estava resolvido

Acorda-se arrependido
tateia-se as portas novamente
foram lacradas inteligentemente
para não invocar dupla recaída.

domingo, 2 de agosto de 2015

Lembrar de esquecer

Esqueci-me de lembrar do que não era para esquecer
Acabei por esquecer o que havia de lembrar
Lembrei do que teria de lembrar
É triste lembrar, que o lembrar era esquecer.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Errante

Então, amigão
Não se apoquente, não
Encontra-se em boa região
em terra de todos os Santos desse Brasilsão
Tem boa tribo, tem mãinha e painho
todos de bom córação
É São Salvador da Bahia
o terreiro tem magia
é só não partir pro sertão
Muito mar, muita folia
música pra boa audição
Na Bahia os Santos protegem
tem farinha de mandioca
não se passa fome, não
Sem contar com seu nobre clima
que é de única estação
Caro amigão
caso se sinta acuado
oxe, desprotegido
é só lembrar que aqui tem terra pra toda gente
nesse grande Brasilsão
O Espírito Santo acolhe a Bahia
e também tem religião
Nossa Senhora da Penha
no ponto mais alto do morro
vai te dar proteção
Mas, vai ter que pegar no batente
como faz toda gente
dessa região.

Desolado


Todo silêncio está coberto de razão
não há discussão

Fez de mim um manequim despido
que ao fitar o meu semblante frígido
o meu olhar  ao  infinito
sua face exterioriza desilusão

É  malogrado quem insiste
em desnudar-me por tolices

Queixa-se agora que se apercebeu
ser lesa criatura
 tamanha celeridade ao revide
revelou-se frívolo, triste

Ficou nua e crua a sua sovinice
Desejar boneca desnuda,  é sandice

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Eu, esteio

Tens uma beleza radiante
um comportamento subliminal
um andar cativante
uma elegância descomunal

Será tudo isso subliminar?
Não te encontras onde dizes estar?
És um rótulo ambulante
uma aparência a tragar?

É dolorida a desconfiança
Quando voltas ao teu lugar
não tocas em meu corpo
ficando sempre no limiar

Ardente e fútil beleza
A gozar do teu eu profundo
É amor perdido, imundo
Desprezível o teu gostar. 

Espaço restrito

O meu trabalho de ontem
é recomeço do hoje no cansaço
O meu sonho do passado
é  o meu trauma presente
O meu pressentimento do erro
é o acontecimento exato
Os meus juramentos secretos
é a insônia da noite
O meu grito de guerra
é o fantasma da liberdade
A minha condição secundária
é a solicitude
O meu primeiro passo
é na areia monazítica
Os meus princípios
é no espaço de um metro quadrado.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Transtornado

Enquanto eu penso
Outros detonam
inutilizam

Enquanto eu faço
Outros desfazem
abominam

Enquanto eu vivo
Outros sofrem
aniquilam

Enquanto eu feliz
Outros detestam
retrocedem

Enquanto eu poesia
Outros marasmo
desatinam