Maria da Penha

Maria da Penha

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Como te vejo

Vejo-te o mesmo
Não mudou em nada
O mesmo físico com e sem falhas,
Com igual comportamento e atitude
Julgando a todos como canalhas.
Enxergo-te o mesmo
Um santo quando abandona
O endiabrado quando abandonado
E quando tudo vem à tona
Só comprova mais e mais a sua trairagem.
Afastei-me de ti
Olho-te, és igual
Nada surpreendente
Exatamente o que eu esperava.
Trolou-me com os mais "belos" adjetivos
Puta foi o mais suave.
Vejo-te o mesmo
You're just one drunk
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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Desvio

Não posso voltar para os seus braços
Não conseguiria sentir os seus abraços
A minha sensação não permitiria.

Para cada afago seu, logo me lembraria
A contar nos dedos que me faltariam
Todas as outras acoitadas nos seus braços.

Não, eu iria somente banalizar o que fora um dia
Seria estupidez acreditar no seu embuste hábil
Deixaria a verdade falsear suas ideias maquinadas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Assalto ao coração

Bateram em minha porta
Eu a abri com um sorriso
E para a minha surpresa
Era um assalto.
Fiquei estarrecida
Numa mistura de êxtase e medo
Mas, durante aqueles momentos
Tentei fazer todas as leituras possíveis.
Mas, quando a porta se fechou
Notei que o meu estômago não mais aceitava a comida
Os meus pulmões já não queriam respirar
O meu coração sangrava.
As minhas pernas paralisavam
Os meus dedos começaram a esfriar.
Mas, na fuga do sentimento a razão sobressaiu
Pensei então…
Cometi um grande erro
Abri a porta desprevenida
Deixei entrar com um sorriso
Quem me era desconhecido.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Pessoa

Muito sutil foi Álvaro Campos
No Poema em Linha Reta
Peço desculpas ao honrado poeta
Pelo seu canto enigmático e cheio de destreza.
Caro poeta...
Todos os seres levam porrada e são traídos
Dói o bastante, portanto, escusa serem declarados,
Não necessitavam ser a mim, elucidados
No seus atos violentos de sensações subjetivas,
seu prazer, ódio, raiva, rancor, ressentimento, mágoa, revolta, tristeza, angústia, dor, solidão e alegria...
Prezado poeta...
Como poderia conquistá-lo?
Seria afiançando a minha baixeza?
Não poeta...
Não foi por esse motivo que esteve por tanto tempo ao meu lado.
A semideusa foi o seu encanto.
Essa geminiana que em cada ombro
Carrega de um lado um deus e do outro
O diabo.
Poeta...
Reconhecer as falácias é por vezes difícil,
O seu sofisma foi o de estar calado.
E qual foi o seu desencanto?
Saber dos meus pecados, escondendo os seus enganos
Sim, pois foi o que procurou
Por não entender o quanto foi amado.
Meu digníssimo poeta...
Não foi capaz de escutar e entender a voz humana
A bipolaridade geminiana.
Sim, poeta...
Somos todos, todos
Infâmia, covardia, porcos, submissos, grotescos, arrogantes
Ridículos e, portanto, enxovalhados
Somos príncipes e princesas...
Portanto, poeta
Tornamo-nos literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Louca

Encontro-me em meio a rua, no carro
Olho a face das pessoas que estão a ir e vir
Toda gente tão linda!
Estão sérias, concentradas e conectadas
Elas não observam nada
São automatizadas
Não tropeçam nas calçadas
Desviam dos obstáculos intuitivamente
Será que sabem para aonde estão a ir?
O que faço eu aqui parada?
Observo a todos sem fazer nada
Não existe um lugar a que devo seguir
Levo um susto e fico desconcertada
Que visão desgraçada
No para-brisas do meu carro uma face esquisita
Direcionada para mim
Um nariz achatado, uma boca com sorriso que não ri
Olhos abertos esbugalhados
O corpo mole estirado no capô
Tanto sangue num dia ensolarado
Ele atropelou o meu carro,
Idiota, amassou a lataria
Atrasa-me o nada
Fico irada, saia daí
Morto, estúpido, atrapalhado
Fique ao menos no asfalto
Deixa-me seguir
Se bem me lembro, tenho casa
Sei, fica bem ali
Chego, entro ofegante, suada
Tem a cama que não tem nada
Escoro o meu corpo na parede gelada
Tenho uma sensação deliciosa da brisa
Que entra pela fresta estreita da janela
Solto um grito , me contorço, tenho gozo
Sinto o silêncio, o mesmo do morto e, saio
Caminho até a praia
Observo os coqueiros a bailar ao vento
As ondas a sumirem nas areias
Tudo tão lindo
Acendo mais um cigarro e trago
Estou vendo tudo
Mas não sinto nada
Tusso e tusso
São fantásticos os delírios
Tenho presságios
Provoco em meu corpo espasmos e gemidos
Estou viva? Não sei se vivo
Enfureço, vagueio, caio em alucinação
Penso em bálsamos, unguentos
Não sei se quero um alívio
Será que vivo pelo desejo
Da agonia, do suplício, do flagelo?
Chega a noite, corro de encontro ao vazio
Existe uma mistura de sentimento
Estou exausta, sem arrependimento
Tenho pouca consciência
Quais foram mesmo os acontecimentos?

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Frase

Sempre que toco com a ponta do dedo indicador na água uma gota se prende. Fixo os olhos e vejo, a minha vida a passar dentro dela.

Retrocesso

Relembro
Recapitulo
Resmungo
Retenho

Recomeço
Retorno
Regenero
Renego

Reconstituo
Reviso
Repito
Recuo

Rebroto
Remonto
Reanimo
Rememoro