Maria da Penha

Maria da Penha

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Vida otimizada

Nunca me arrependo do que decido
Mesmo que impreciso, inexato
O meu ótimo é ajustado
No melhor que faço.

Repugno a letargia
Não basta uma concepção
É escolha num conjunto determinado
De elementos possibilitados à apreciação.

É uma exploração contínua
Num espaço assegurado
Arrefecimento simulado
Em minha assídua busca tabu.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O preço da minha ausência

Quanto vale a minha ausência?
Vale muito com certeza
Vale conluios inquestionáveis
Dos disco voadores a espreita.

Quanto vale a minha ausência?
Vale aos óvnis adiáfanos
Que por entre nuvens escuras
Expõem  translúcidos a imprudência.

Quanto vale a minha ausência?
Vale a minha sabedoria no anonimato
De  atos e fatos que ressurgem encolerizados
E mitigam a minha dor.

Quanto vale a minha ausência?
Vale saber tão naturalmente
O que floresce da demência,
Entre as estrelas mais brilhantes
Estão os ufos ainda mais reluzentes.

Sofisma

Ser recebido no calor de um abraço
Grudento como velcro
E ser capaz de fazer self-portrait
Tanto repudiado
É ter a certeza plena
Da felicidade mais obcena
De embriagar sentimentos passados
Que não saem mais de dentro
Do coração que um dia fora
Totalmente dilacerado.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Pedra profana


Fiz-me a água doce
Fiz-me a brisa mais suave
Fiz-me a temperatura mais amena
Fiz-me a pessoa mais serena
e de nada adiantou.
Hoje sou pedra
Sou muro, onde habitam lamúrias
Das gentes que não aproveitaram da brandura
Que tanto ofertei.
Hoje sou pedra antiga, muda e cega
Onde muita gente se debruça
Cada um com a sua inútil razão.
Ouço o que gritam em silêncio
Vindo de corações ocos
Capazes de cair no buraco negro
Do universo em constante mutação.
Mas sou muralha consistente
E agora só guardo
No meu silêncio profundo
Os sentimentos imundos do mundo.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Rugas

Essas linhas que aparecem no rosto e em todo o corpo,
Chegam para todas as etnias e classes sociais e,
Têm o nome de rugas.

E não são rugas de chorar, de sentir e sorrir
São da idade, do tempo que passou e não volta
Então, para que mentir?

Se não sentiu, não chorou e não sorriu
Elas iriam estar aí, do mesmo jeito
Com ou sem esmeros.

Pra que mentir?
Dizer que veem junto a experiência
Fazendo história e blá, blá, blá!

Pra que olhar-se tão vulgarmente,
E desculpar-se das próprias rugas
Provando da baixa autoestima.

Se tens a preocupação de justificar as rugas
Através dos ritos de passagem que envenenou o corpo
Conta outra! É resto, é o espírito que já está morto.


Represália

Eximir-se da atenção em momento delicado
Da hipocrisia e dissimulação de alguns
Quando a alma lastima por medo
E saber-se tolerante racional.

Os agastados necrófagos se alimentam
Deste equilíbrio frágil que em alguém se apresenta
Para mostrar-se viripotente
Sobre esperanças já pouco alicerças.

Grandes heróis valentes
Invocam a morte de um ente
“Que morra bem distante”
Para que não sintam o mau odor.

Censor

Pergunta sobre mim
Respondo a sua pergunta
Você matuta, reflete
E diz que é mentira.

Você novamente pergunta
Eu respondo
Você especula, pensa
E diz que é mentira.

E aí vai, e pergunta, pergunta
Eu respondo e respondo
Você cisma, pondera
E não acredita.

E você volta a me perguntar
Eu reconsidero, reflexiono
Respondo filosofando
E não sou compreendida.

Você pergunta mais uma vez
Eu sinto que está a julgar
Refuto a indagação
Silencio.

E você pergunta sobre o meu silêncio
Sinto que é para auferir vantagem
Da sua mais nobre arte
Que é a de censurar.

O silêncio e a minha mais aristocrática retribuição
Assim você elucubra a mentira já posta
Em qualquer das respostas
Que irá me sentenciar.