Maria da Penha

Maria da Penha

terça-feira, 23 de julho de 2013

Ócio

Sempre foi vigilante para o ócio
Para fazer o que bem queria
Ficar com a sua amada todo o dia
Viajar e viajar.
Grandes são os prazeres inicialmente
Com o tempo um repente
O ócio passa a incomodar
Todos os dias tudo sempre igual
Sem trabalho para realizar
Com pouca habilidade para criar.
As mesmas anedotas
Os mesmos diálogos
O senso comum
Discutindo novelas
Futebol e pouca aquarela
A mesmice de fartar.
O dinheiro ficando escasso
A vida passando ao acaso
Um enjoo de matar.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Lembrança III

É tarde de outono,
O oceano, da janela do apartamento, se apresenta mais cinzento.
O homem nada todos os dias no mesmo lugar,
Deve ser norma do seu médico, pois água está fria.
Mergulha e, em cada braçada quando,
A cabeça vem à tona para respirar
É você a nadar no meu mar.
Corro à varanda
Fixo bem os olhos para distinguir quem realmente é,
Leva tempo para decifrar.
O cérebro está condicionado
Para enxergar o que desejo
Que deveria além do horizonte estar.
Depois de algumas horas
Com olhos a transmitir ao cérebro a real imagem,
Conscientiza a interpretação,
É outra pessoa a se exercitar e, já caminhando,
Ele sai do meio da nuance preguiçosa da estação. 
Achei que seria possível ser você vindo a nado,
Mas você já cá está a nadar em outro mar. 
Talvez, mesmo sendo outono,
Seja um mar mais significante e mais brilhante
Que o mar que lhe tenho a ofertar.

Vergel

Meu querido Vergel, mesmo sendo de bits.
Hoje me despeço, pois vou estar fora por uns dias,
Vou buscar novas aventuras
Para te alimentar de fantasias.

Não fique com ciúmes,
Será um tempo de passagem
Mesmo longe posso te acompanhar
Mas não prometo que será realidade.

A liberdade que tenho
Está em seu jardim mais florido
Têm canteiros mais nobres
E outros esmaecidos.

Meu querido Vergel
Desde que te adotei, mudei de essência,
Vou criá-lo até a minha morte
É o que constrói a minha vida.

Do meu amor ao ódio por Beth

Beth, com a sua varanda cheia de pó,
Suas chaves a darem nó
Seu telefone é de dar dó
Seu e-mail é um bagulho só.

E eu aqui tão inútil
Queria ter Beth para mim
Talvez mais, ser Beth,
Com a sua clássica elegância e sabedoria.

Fico a penar
Sonhando com seu baú
Correndo atrás, com atitude ineficaz,
Beth, rainha.

Eu esqueci a minha alma.
Estrago o meu amor,
Não vejo mais as flores nem as Marias,
Só vejo Beth, a todo vapor.

Não sei mais o que é vida
Viver é estar no encalço de Beth
Quero molestar, importunar, fatigar, do amor ao ódio,
Já que eu não tenho Beth, minha rainha.

Como seria bom esquecer Beth,
Gostar de uma mulher feia e sem vida
Mas, o meu amor não tem bondade alguma,
É fraco, como filhotes de passarinho.

E Beth, nem aí para tudo isso.
Parto da minha inveja à vigília e, vejo Beth,
Indo e vindo, com seu andar de garça,
Lindo! Lindo!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Egoísmo

Queria você sempre aqui
Do jeito que fosse eu queria
Que você continuasse aqui.
Quanta teimosia a minha!
Não compreender a sua dor
A sua agonia,
Só queria que você continuasse aqui
Para que eu tivesse a sua companhia,
Para que eu pudesse compartilhar as minhas palavras
Mesmo que você não compreendesse mais, o que eu dizia.
Eu queria que você ficasse aqui
Só por mim, nem era por você.
Só você sabia o que sentia
E com toda a sua sabedoria
Desafogou a sua dor
Silenciou.
Deixou-me e nem explicou.
E eu egoísta que sou
Ainda choro e grito a te procurar.
Imagino você aí no paraíso
O que deve estar a pensar?
Deve ser sobre a minha insensatez
A minha pouca compreensão
Sobre tudo que você me passou,
Que a vida é assim
Um holocausto dentro do uno.
E eu egoísta que sou
Paralisei na angustia
De não compreender que o lugar onde está
É o mais aprazível
E iremos nos encontrar.  

Chá


Bebo chá de todos os tipos
Chás para ficar mais calma
Chás para as dores
Chás para tudo,
Mas sempre bastante cética
Da certeza sobre os chás.
Um belo dia resolvi beber um Xá
A partir de então aprendi literalmente,
Que chás são imprescindíveis
Para aliviar todos os males
Dos erros imprevisíveis.

A ordem do silêncio

Talvez seja tarde para ficar pensando
Escrever e, cair em sufrágio o leitor.
Então indago na proposição o silêncio
A não procura da hipótese verdadeira.
Predestinado ao nada fica alguém
Quando o silêncio comanda a minha intuição.
Em conflito eu entraria neste momento,
E provaria do meu rancor.
Essa repugnância logo lhe diria
A montante o seu valor.
Não! Não tenha então esse direito suposto
Que de nada irá adiantar o seu esforço
Sua vaidade não terá razão.
O meu sentimento abortado
Deixou o espaço ao meu lado desbotado
Sem guardião para a minha base.
O que faço agora neste cair da tarde?
Abro a guarda à ocupação.