Maria da Penha

Maria da Penha

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Vulgarização virtual

Há anos tudo começava
De frente ao um computador off-line
A necessidade era inevitável
Para comunicar online.

Primeiro contato carbon copy plus
Foi delirante
Implacável
No computador remoto conectado.

Tornou-se pouco e restrito
O mais abrangente aconteceu
VDOPhone em rede local
E na Internet só contato internacional.

Que delírio o NetMeeting
A particularidade do status
Pregava-se peça em todos
Por IP fazia-se conexão.

O mais se tornara necessário
Mais pessoas a partilhar, vídeos e conversas para discutir.
O CU-SeeMe de modo síncrono
Com as várias faces a rolar no écran.

O ICQ abriu caminhos
Para o mundo partilhado
Ficando um pouco sem essência
Perdeu-se o mistério e o prazer.

Hoje o mundo compartilhado
SixDegress, MSN, orkut, facebook, twitter,
MySpace, Cyworld, linkedin, flickr, youtube, entre infinitos outros
Ficando em cumplicidade o cyber espaço.

Que saudade do meu VDO,
Do meu mundo assíncrono
No meu e-mail correspondido
Que hoje não existe mais.

Quero voltar a escrever cartas
Em papel decorado e aromatizado
Que levam dias para chegar
Pelos correios desgastados.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Quem és?

Quem és tu?
Em que mundo vives?
Quais são os teus sonhos?
O que queres?

Porque tropeças tanto?
Porque não pulas os obstáculos?
Não vês que estás a cair
A definhar e a sumir!

Fala alguma coisa
Diga o que queres
Mate o teu medo 
Estirpe o teu ódio.

Não mates a mim
É o que fazes um pouco a cada dia.
Sejas menos cruel.
Dá-me mais alegria.

Ódio II

Amo alimentar o meu ódio
Quero beber deste ódio eternamente.
É ele que nutre a minha existência
Sem essa lâmina não consigo enxergar a indiferença.
Na indiferença dos outros
Encontro a minha sensatez
A minha filosofia do amor que pensa
Na ciência que investiga
No estudo que analisa.
Ao me alimentar do ódio
Estudo a paixão que desequilibra
O orgulho que enlouquece as pessoas
O sensualismo que envenena.
Necessito do ódio para saber
Lidar com a indiferença.
Pode vir de terno, vir com olhos, boca, coração e cérebro
Nada, nada mesmo dará conta dessa presença
Muito menos da ausência. 
Por isso preciso de beber mais ódio
Pois é neste ódio que preciso de um coração
De uma frieza, de um raciocínio
Mesmo que doente.
Preciso aprender, e o ódio é a matéria-prima dessa ânsia que alimento.
Este alimento está no objeto do ódio
Alimenta o meu rancor, a minha ira
O meu pouco humor e
A minha pouca sabedoria para entender
E aturar.
Quero o ódio para mim, dessa forma
Nunca serei indiferente.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Mulher de escorpião

Profunda e misteriosa
Com seus olhos penetrantes
Até ao acender um cigarro
Magnetiza qualquer homem.
Mas o mesmo olhar que enfeitiça
Descobre os segredos dos mais reservados.
Os seus elogios, para ela não cogitados
Serão analisados para as verdadeiras intenções.
Sua fúria incontrolável
Ciumenta e possessiva
Profundamente vingativa.
Perdoa com facilidade
Atos e fatos provados não intencionais
E manda no relacionamento.
Se existe uma inquietação por traí-la
Não há compaixão por ela medida.
Irá alimentar várias mentiras
Para fazê-lo sofrer até o chão.
Manhosa como uma gatinha
Carente fragilizada
Ao perder o controle das emoções
O furacão entra em atividade.
Ela poderá odiar amargamente
Sua tamanha dedicação
E ignorá-lo totalmente
Depois de tê-lo destruído.

Rato

Foge como um rato de esgoto
Corre de um jeito meio torto
Mesmo todo desengonçado
Pula com facilidade os obstáculos
De um lugar fétido para o outro,
Come o que vier ao alcance
E ainda acha que é gostoso.
Mandrião cheio de talento
Na hora da guerra
Vira herói escondido
Em meio ao que está putrefato.
Aumenta o seu portfólio de cobiça
Para ter muitas crias
Agigantando seu exército de nojo.
Seu cantar é um guinchar
De dar arrepios
Que só pode encantar
Outros ratos do mesmo escoadouro.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Casamento

Hoje resolvi me casar
Não com gente
Gente é coisa indecente
Magoa, fere e mata.

Não faz companhia quando se necessita
Perturba na hora do silêncio
Bate a porta no momento indevido
Tira a concentração.

Gente é dependente
É o mais para o menos
Condiciona o pensamento
Subtrai o pouco que tenho.

Principalmente determinadas gentes
Que são as agentes sanguessugas
Que não leem os parênteses
No seu claustro foge pela tangente.

Casarei-me com a literatura
De todos os tipos
As de brilho às aventuras
Àquelas que desafiam o pensamento.

Essas sim são de grande valia
Causa provocação ao sentimento
Faz crescer e desenvolve muito
Muito o conhecimento.

Acostumei

Acostumei-me com você
Com seu jeito de sempre se vitimizar
De reclamar e de me agredir
De me apunhalar pelas costas
De me torturar.
Mas nada disso me importa
Abro a minha guarda do orgulho
Vou sempre deixar-te entrar
Para me beijar
Até me matar.