Maria da Penha

Maria da Penha

sexta-feira, 1 de março de 2013

Maria da Penha Boina - Autoestima

Sempre achei que fosse censurada pelos meus defeitos
Comecei a mensurá-los para corrigi-los
Não os defeitos físicos, estes são o meu patrimônio.
Quanto mais corrigia as minhas imperfeições morais
Mais repreensão acontecia.
Demorei a compreender tanta condenação
Foi o tempo que me elucidou
Não existiam intrigas sobre as minhas deformidades
A aversão que de mim sentiam
Não eram sob o ponto de mira que eu imaginava
Os agulhões estavam direcionados eram para a minha excelência.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Lembranças perfeitas II

O semáforo da ponte no lugar desconhecido não dá o verde, e a espera é longa?
Não sabíamos que deveria apertar o botão.
Estamos no carro há horas e temos fome e sem dinheiro?
Comemos pão com chouriça.
A sapateira é só moscas?
Não se come sapateira a beira rio.
Os portais dos castelos e outras obras milenares são magníficos?
Esquecemos novamente da máquina fotográfica.
As idas de férias são cansativas e curtas?
Mas vale a pena o oceano com um espeto de churrasco a pescar,
Ou um mergulho com os corpos equipados a beira mar.
A lida dos dias é exaustiva?
Mas compensa no fim da noite.
O frio é insuportável na serra?
Mas a profissão é o resgate.
Repetimos as idas nos mesmo sítios?
Mas as cores são sempre diferentes.
As músicas no carro podem vir do rádio ou CD e se repetirem?
Mas é a hora de dizer que nos amamos.
A Leiria ficou próxima a Coimbra?
É o prazer da espera.
Cada percebe e ameijoa ingerida?
Tudo sabe bem.
Cada vitrine apreciada?
É tudo lindo com a loja fechada.
Cada compra realizada para a casa?
Horas e horas de apreciação.
Cada taça de vinho consumida sentados à mesa da cozinha com os corpos nus?
É o diálogo doravante do delírio dos melhores amantes.
Cada pescaria sem nexo no frio intenso?
A melhor das pescarias.
Sentados na areia da praia depois de consumirmos carapau seco?
Que viagem!
Os bocejos no carro no fim da noite?
Uma praga que pega.
E depois de tudo as lembranças,
E ri-se e ri-se sem parar, das mais fúteis e idolatradas conquistas.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Sublevação

Não te espante Doutor
Essa é só a minha dor,
Mas não toque o dedo na ferida
São os ais... Da minha vida.
Observa Doutor
As minhas cordas vocais
Não são como as cordas das harpas
São pregas fenomenais.
Os ais que grito e ouves
São bem postos
Não duvide, eu não gosto,
São ais... De toda uma Nação.
Não se engane Doutor
Diagnosticando essa minha rouquidão.
Terás de dar o mesmo diagnóstico
A toda população.
Admita doutor
Que será muito difícil encontrar
Este mesmo sintoma
Em outros Doutores, discricionários.
Encontro-me doente Doutor?
Os meus ais não serão escutados?
Não existe paliativo para essa dor?
Ah! Doutor
Se a dor vai continuar
Vou subir no mais alto dos montes
Serão tantos os meus gritos em ais
Emitindo ondas sonoras
Intensamente vibrantes
Que perturbarão as cordas das harpas
Fazendo-as tocar
Músicas infernais.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O sonho

Você corre, corre atrás de um sonho.
Mas você não conhece o sonho
Então, você vaga de um lado para o outro,
Considerando as coisas pontuais como realizadas
Mas você volta para casa
Fica ali calado
Frio
Embutido
Imundo
Moribundo
Chora e ri embriagado
A noite cai
O estomago enjoado
Adormece
E o sonho que sequer foi sonhado
Morre com o sono
O dia nasce novamente
E você volta a correr e corre atrás do sonho.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Relacionamento

O relacionamento acabou mas existe amor?
O ódio, a vingança se apresenta.
E o vazio? Que tormenta!
E chora-se e ri-se.
O corpo fica esquálido.
Os olhos não veem os campos, as ruas e as cidades.
Não se escuta os cumprimentos, são sussurros desnexos.
Quer-se a amizade?
Não, não existe possibilidade – É amor.
Sente-se a senhora de cetim negro, mais próxima.
Caminha junto a todos os passos.
Então o que é melhor?
Lembrar-se que a vida é uma peça de teatro,
E o vivido não foi mais que meio ato.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sem passado o presente não terá futuro

Quem somente vive intensamente no presente e não examina o passado não será capaz de prognosticar o futuro.
Passa a pensar o futuro como a possibilidade de tudo e o passado, como a realidade do nada.
Assim, não tem esperanças nem saudades, e o presente tornará a vida contrária do que desejaria.
Sem que prevaleça a história no cérebro de um homem, o que poderá ser a vida amanhã se não a pode presumir?
É através do passado empírico que se mantém o controle do que se quer, do que acontece de fora, exercendo a própria vontade.
Quem repudia o legado do passado, arreda-se de si, levando ao desejo inútil de repeti-lo, com a sensação do momento.
A rejeição do passado modifica o espectro da sensibilidade, pelo fato elementar de consciência provocado pela modificação de um sentido externo e ou interno.
Sem conhecimento do passado, o presente é um simulacro de si, vive-se de aparência sem realidade.
O presente descalçado é a ilusão transcendendo as premissas das incertezas do futuro, o qual vivenciará como já fora um dia.
A simulação do futuro torna-se fantasmagórica e o texto se repetirá.
E ri-se íncubo.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Perdi

Perdi
Sei que é minha culpa
Não contemplei e não mensurei as consequências
Deduzi que todos seriam fortes como eu.
Sempre fui dura para suportar
Dores, ódios, amarguras e saudades.
Mas hoje sinto o pranto em minha face
Pois perdi o amor maior que Deus me deu.
Para mim o tempo sempre foi e será relativo
Nunca me acomodo pelo tempo perdido
Mas sinto que ninguém pensa assim.
Vou cortar meus pulsos ou tomar aquela caixa de comprimidos
Por deixar a emoção dominar a razão
E sufocar pela morte a dor que sinto em meu coração.
Tenho culpa, não escondo
Deixei-te só e sofrido
E o tempo foi capaz de trazer-te novos caminhos.
Viva, então, seja feliz
Pois não sou nenhuma imperatriz
Sou comum, uma reles infeliz
Que confiou em ti e num horrendo erro
Cai do pedestal, para os servis.
Algo me dizia, que eu ouviria somente de ti
A desistência da luta da nossa união.
Mas, em pêlo, em febre e em duras penas
Outros dedos foram os que teclaram 
Para dizer que estavas afastado
Dos nossos sonhos, amor e paixão.
O teu adeus não precisava ser assim
Podias ter confiado em mim
Pois quem julga e o indicador aponta
Esquece de ver que os outros dedos para si confrontam.
Errei e bato em meu peito
Mas fui sincera e continuo a ser
Jamais apontarei um erro seu
Pois nunca fizestes por merecer.
Fostes e agora estou só 
Sem chão, com pés descalços
Por perder o meu amor maior, 
Que se foi sorrateiro e apático.
O gosto de fel em minha boca é doce
Perante a facada dissimulada que recebi.