Maria da Penha

Maria da Penha

segunda-feira, 23 de março de 1998

Meu amigo Pedro

A adolescência conta histórias
E nestas histórias loucas, tem a do Pedro.
Ah! Meu amigo Pedro
Amigo de amores
Incertezas também.

Nada de grandioso
Também nada vulgar
Bom menino
Que mesmo em minha inocência
Já sentia, já sabia que iria afundar.

Não sei se no despreparo da criação
Talvez no gene da transformação
Desvirtuou aquele menino
Desprovido de amor
Não vingou.

Drogas, sexo e muito mais
Desenfreou e quebrou as virtudes
Do homem que se tornou.
Por quê? Por quê?
Eu te avisei e você não acreditou.

Foi-se assim tão cedo e drasticamente
Amigo Pedro, ferro e fogo te feriram
Não amou a ti mesmo
E com isto fizestes sofrer
Pessoas que queriam ver-te florescer

E o carrasco, ferrenho e sem amor
Que te fez sentir no peito o peso da dor
Tenho a satisfação de saber
Que o lugar onde estás
Amigo, serás capaz de reflorescer.

quinta-feira, 28 de setembro de 1989

Paulo

Paulo Fernando
Na intimidade - Paulo
Que no telefone brincava
E cá, também eu.
Que em um encontro nosso mais tarde
De mentiras escrotas
Um enrolo só, nos envolveu.
Risos e sonhos concebidos
Levou-me a sério
E sofreu.
Eu não tinha consciência
Do sofrimento que lhe causava
Então, seu pai experiente
Colocou Paulo em um avião
Indecente
E na Austrália
Desapareceu.
Encontrei Paulo muito tempo depois
vagando
E de mais nada fiquei sabendo
Do que em sua vida aconteceu.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 1980

Josino o gênio

Josino pequenino
Josino tão inocente
Aquele moleque trapo
Josino transumano.

Josino cresceu
Pois criança cresce
Homem, Josino continuou maltrapilho.
Mas com o coração de Josino.

E hoje, aqueles
Que brincaram com Josino
Ah! Josino
Brinca com eles.

segunda-feira, 28 de maio de 1979

Pertencer

Santo, peregrino faceiro
Peco e tu perdoais-me
Forma que tu, qualidade divina
Mostras o que és.

Brilhar na vida
Ser faceiro peregrino
É ser Santo?
Ou pertencer a satã?

Com crueldade e pertinência
Usando da nossa inocência
Faz com que sejamos pecaminosos
Talvez para fazer mostrar sua qualidade de Santo.

E nos coloca em uma roda viva
Envolvendo o mundo com justiça
Para ser Rei hoje e amanhã
E em cada manhã seguinte é Santo pelas idiotices.

Como há séculos
Peregrino e Santo faceiro,
Pertenço a Ti
Assim como a humanidade diz pertencer.

De um farsante
Peregrino
Que se diz Cristo
Em cada amanhecer.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 1979

Tempo

Mestre e correto é o tempo
Todas as coisas norteiam o tempo
Até o sobrenatural depende
Do tempo

O querer é algo com que sonhamos
O querer é o precisar
O morrer não é o querer
É o ter é o depender.

Maldito tempo
Faz-nos mendigar na vida
E traz-nos o necessitar
Por ser um cruel inimigo em apoiar.

Deveríamos fugir
Do maldito tempo
Pois dele não podemos
Vingar.